A MULHER NUA

Um dia qualquer, nem sei que dia era, pessoas passavam, iam e vinham,a maioria alegre, crianças serelepes brincavam no parquinho, adolescentes riam e se divertiam talvez de conversas bobas, cachorrinhos presos às coleiras de seus donos,os bêbados da praça ficaram incrédulos, um até caiu se embriagando com a surpresa da cena, era uma tarde qualquer, de um dia qualquer, a pracinha estava lotada.

Tá certo que foi como um míssil, como um raio de um trovão inesperado em um dia sem nuvens. Tá certo que tinha crianças, mulheres até bem vestidas. Tá certo que talvez seja errado,tá certo que nem sei se tá, mas vi, todos viram e não tinha como ninguém notar. Umas, chiaram e vaiaram. Outros, aplaudiram e assobiaram. Êxtase total no cruzamento entre a avenida dos jardins com a praça das fontes coloridas.

Ela passou correndo,completamente nua, isso mesmo, despida de qualquer pudor ou preconceito,não estava nem aí para valores, estava alegre, sorria, se libertava caminho afora, estava de fato, livre, livre de tudo, inclusive das amarras que os tecidos impoem, estava divinal, leve e solta como uma borboleta deixando o casulo, em poucos segundos, a borboleta sumiu por entre as árvores e a esquina, conhecendo e se apresentando para o mundo, como toda borboleta merece.

GILMAR SANTANA
Enviado por GILMAR SANTANA em 27/08/2019
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