O ESTRANHO

Diário de minhas andanças.

Quando lhe indaguei se poderia fotografá-lo, a resposta veio num breve movimento de ombros como que a dizer:
(Por mim...)
Imóvel, ele manteve-se na mesma posição.
Seu olhar parecia rastelar algo fugidio, um "não sei quê" esquivando-se lá pelas bandas do morro da Santa.
Passava um pouco do meio dia e , imersos naquele momento em que a cidade boceja em reflexões,  éramos - ele e eu - nada além de duas carcaças à espera do retorno de nossas almas voejantes.
Floradas de ipês denunciavam setembro ao redor da linha férrea e o "trem da vida" serpenteava silenciosas paralelas de nossas  inexpressivas existências.
Irati 06/09/2016