Caspita!
Na minha infância eu achava estranho quando o meu pai pronunciava um sonoro "caramba" quando se referia a uma situação para ele desagradável ou inconveniente.
Prefiro "caspita", mais italiano, mais vivo, intenso e pronuncio de boca cheia e com alguma certeza dos motivos do meu descontentamento. Quando algo me aborrece, me transtorna, eu acabo a frase com alguma exclamação do nível.
Isso leva a crer que, no presente momento de tragicidade nacional, em que um hospício se instalou no Planalto Central, eu fale "caspita" o dia inteiro. Não. Às vezes falo mesmo &%#(*%#$, !@"&%#)) ou mesmo *8-@)&%. Não adianta, a corja empoleirada no poder me obriga à deselegância verbal.
Mas hoje, por motivos bem particulares, exclamo em italiano.
Explico: anos atrás passei longos meses a produzir uma monografia sobre a depressão como objeto de conclusão de curso de Acupuntura pelo Centro Integrado de Estudos da Pessoa Humana, em Florianópolis.
Muito bem: pesquisei muito, li um absurdo de livros, documentos, ensaios e que tais, fiz paralelos com trocentos pontos de acupuntura e fiz associação com as terapias florais.
Publiquei em e-book aqui nesse Recanto.
E hoje, ai, meu iá iá, meu iô iô, leio no Diário do Centro do Mundo que o sinistro da falta de saúde afirmou que o que ajuda muito na cura da depressão é a fé...
Para quem não acredita, lá vai a citação:
“Nesse campo, a fé ajuda muito, porque você tem sua família, seus filhos. Do mesmo jeito que se trata do seu rosto – vejo pessoas se importando bastante com a estética – é importante fazer a mesma coisa em nosso cérebro”, destaca Mandetta, ao promover a “higiene mental”.
Fé ajuda em tudo, nos dá sustento sim, não tenho dúvidas. Acontece que a pessoa doente de depressão necessita de cuidados profissionais, de apoio consistente, sem contar com o estrago que o preconceito faz.
Depressão requer paciência, tempo, atenção, medicamentos e outras possibilidades terapêuticas.
Fé ajuda, sinistro, mas peraí, tem que haver políticas públicas para os milhões que padecem desse mal e de todos os outros males . A dor emocional é insuportável, sem dúvida. Dói, dói, dói muito.
Claro que a sinistra Damares apareceu prá falar alguma coisa, mas vamos deixar isso prá lá.
Só posso dizer Caspita em letras garrafais.
Ou: "assim não pode. Assim não dá"...