Joana chegou em casa por volta das quatro horas da tarde, com várias sacolas nas mãos.
- O que aconteceu pra você estar em casa a essa hora e cheia de sacolas? Perguntou-lhe a mãe, parando de fazer o seu crochê.
- Fui despedida, mãe e trouxe todas as minhas coisas que estavam nas gavetas: meus livros, minha roupa de ginástica, minha caneca e outras coisinhas.
- Outra vez, Joana? E agora? Como vamos pagar nossas contas? Mas me conta o que foi dessa vez.
- Mãe eu estava no escritório quando o Dr. Paulo me pediu para providenciar um café e levar na sala de reuniões, onde ele estava com mais cinco diretores. Como a dona cafetina (é assim que o pessoal chama a moça do café) não estava, eu resolvi ir pessoalmente. Cheguei lá, coloquei uma xícara na frente de cada um, menos na frente do Dr. Paulo. Ele me perguntou por que não havia posto uma pra ele. Eu então lhe disse que a esposa dele me havia dito para não lhe dar café por causa da úlcera dele. Ele ficou furioso e me disse que eu tinha que obedecer a ele e não à megera da esposa dele.
- Mas ela só está cuidando da sua saúde, pra melhorar o seu humor.
- Dona Joana, vai à merda! Disse com todas as letras. Eu fui saindo em direção à porta, mas no meio do caminho, aquele diabinho que mora dentro de mim, disse: você vai sair assim, de cabeça baixa, como se fosse uma criminosa? Aí, mãe, eu voltei e disse: Dr.Paulo, o senhor quer que eu vá a pé ou de táxi? De táxi eu chego mais rápido pra encontrar a sua família que já deve estar toda lá. Os outros diretores não aguentaram e começaram a rir. Aí o Dr.Paulo disse: Dona Joana, a senhora está despedida. Eu disse que estava muito feliz por deixar de trabalhar para um velho tão rabugento e saí batendo a porta.
Não se preocupe, mãe, eu vou arranjar outro emprego. Estou pensando em trabalhar por conta própria. Vou ser cartomante.
C-a-r-t-o-m-a-n-t-e? Coitada das clientes!
edina bravo
Enviado por edina bravo em 21/09/2019
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