A COMÉDIA DOS DESESPERADOS

A COMÉDIA DOS DESESPERADOS.

LIA LÚCIA DE SÁ LEITÃO 20/08/2007

Às mulheres no auge o seu desespero, principalmente as de mais idade e virgens.

Incrível que em pleno terceiro milênio uma mulher depois de vida monacal exiba a virgindade como troféu, se bem que, diante os fatos; das crianças prostituídas, o desespero da fome, a agrura das situações, os fatores sociais e de educação.

O que dizer das mulheres que se desfrutam e também as desfrutáveis, desde que não escondam as mentiras dos seus silêncios, outras que nem se atrevem a trair os seus desejos, porém, sabem medir a responsabilidade de investir, despir e entregar o seu templo.

O seu corpo é doado a um parceiro que executa grande ato de amor sem amarras, sensações gratificantes e pensam como foi adorável, ou como foi terrível, mas de qualquer forma adquiriu experiência para a próxima investida, a próxima conquista, o próximo ato de doarem-se em plenitude dos fluidos, cheiros, toque mais sedentos, beijos mais sedutores. E a vida transcorre de forma tão singela e feliz que a mulher deixa o caso desconfortável por aquele que surgiu do nada, mas possui a leveza do ser, o brilho dos olhos e a satisfação de dizer querem mais.

Voltando caríssimos para a que se vangloria de um hímen como o selo da guardiã da dignidade, qual a diferença maior de fé e abdicação ao Deus que não condena, mas protege, a um Deus que é amor e não punição?

Aquela prostituta que atravessa a rua, espalhafatosa, entra numa Igreja cheia de balangandãs, senta-se no último branco porque teme o corpo de donzelas que se pregam a Deus como seu domínio. Deus só faz o que quero, Deus só olha quando deixo, deixo só escuta quando falo, for à primeira nessa situação é muito menor do que o repúdio dos olhares e a prostituta ali, sentada, educadamente na casa de Deus.,

Analisar de que forma entregará os pensamentos a Deus: “pequei Senhor porque estou na profissão mais antiga do Mundo”, nem Maria Madalena possuía a sua carteira assinada, mas ela teve o perdão de Cristo em vida, e as prostitutas que sobrevivem pelos homens que a buscam, pelo parco dinheiro, e todos aqueles homens poderosos, ou pobres, funcionários públicos ou pedreiros; cada um podia assinar a carteira do Ministério do Trabalho, mas não o fazem por puro preconceito devido ao uso fruto da carne, do cheiro, da escravidão, dos vícios, e mas as almas entendem a linguagem das necessidades e de paixão pela desgraça do outro.

As prostitutas acolhem os homens como as mulheres na guerra aliviam as dores da infelicidade da anônima.

Em contra ponto, as mulheres que não souberam se doar a um homem por amor, ou pudor, ou regras sociais de monastérios, rezam a Deus em sua infidelidade de pensamento e atos, ou decoram o “bê a ba” ensinado, que se errar uma palavra volta toda a oração, onde está escondido a sublimação dos desejos da mulher em palavras meigas, explicações sem base em seus fundamentos. Se alguém não experimenta o amor carnal como pode explicar o próprio amor?

Se alguém disser: “sou virgem, aos 50”, nos espantaríamos com a situação? Não, nem tanto. Mas temos direito a questionar que mulher pode ser essa que jamais experimentou na própria carne um sentimento divino, em meio aquele toque que se lucra com palavras dóceis, afagos, beijos quentes, e calcinha molhada na tranqüilidade do anti-horário, tira a blusa e deixar-se acariciar pelo seu parceiro.

Mulheres que ainda virgens aos 50 são as domadoras de leões? AS encarnadas nos maus desejos? Nos pensamentos ordinários? Prostitutas do imaginário? Impolutas ditadoras de regas sempre castradoras e convencionais, reacionárias em poder doar-se, deixar-se acariciar, favorecer o amor?

Como pensa essa mulher sobre um homem nu ereto diante de si?

Uma máquina humana que busca apenas a carne? Indisposto a sensibilidades ou seria o pulo na cintura descabido, a lambida na boca o enfiar de seios engasgando até o parceiro, e sem a delícia de ter o ser penetrando dentro de si, o corpo quente que mexe, remexe, que delira, que geme, que diz amo-te? É seca, estática, e nem sente o sabor daquela lagrima solitária que rola pelo rosto, mas que dá a certeza que o corpo está feliz.

Será que as fantasias dessa mulher são afloradas ao ponto dela própria se comportar contrariamente a uma prostituta, que honra seus códigos de ética, de moral, será que essa mulher agiria em não fazer sexo anal assim como o respeito aos vários códigos das mulheres de vida fácil?

As mulheres reprimidas não condizem com a realidade da vida. São magoadas, tristes, autoritárias; são encrenqueiras, de medir forças, de azucrinar a vida de todos e de mentir.

Quantas horas de masturbação uma mulher, depois dos quarenta que nunca conheceu um homem, gasta com o imaginário?

Quem são os protagonistas dessa lista de emoções?

Que emoções seriam essas? Mas a maioria delas depois da masturbação enfrenta dilemas e uma guerra interior. Como são mulheres impolutas, correm ao banheiro e lavam até arrancar a pele da genitália, e as lágrimas devem rolar soltas devido ao falso conceito moral que elas próprias criaram como norma de vida e de conceito e preconceito.

Como essas mulheres comungam com o Universo?

Como essas mulheres mentem para si e só pra si que não se tocam e não deliram?

Certa feita vi uma mulher pedindo ajuda para alguém comprar uma bacia sanitária para a casa dela, e pensei cá com minha maldade: “ou quebraram a bacia sanitária porque já estava ultrapassada ou se deseja um objeto de consumo, algo mais confortável para poder se masturbar pensando numa vida infeliz mentirosa, mergulhadas em neuroses, e na tentativa de gozar sem o medo de ser feliz.