CLÃ DESTINO

Esperar clandestinamente a noite

Pelas paradas suburbanas de ônibus

A imagem de homem vadio caminhando pelas Luas

Enveredando-se pelas

Correndo praças

Sorrindo os prantos

As horas das rosas

Decidiu a premissa: o amor não morre

E doará as mãos ao poeta

e findará o poema dos olhos azuis

inacabados.

Incendiados na clandestinidade do dia

Atravessando a aula de História do Mundo

Buscando um lume, o leme a inspiração para a paz

Ou as paixões das meninas moças disfarçadamente virgens

Tudo é perceptível na clandestinidade das verdades sussurradas

As mesas dos bares permanecem cheias de boêmios da noite

Cada um escreve uma carta prometida no êxtase dos delírios

A clandestinidade dos parques aos domingos

Fotografias, sorrisos de quem já perdeu a inocência.

O que fazer?

Exaltar o poema que não foi lido

Imaginando sabores de beijos

Casais correndo pelo calçadão

orla marítima

imagem do corpo torneado do ser

balouçando e exalando ao sabor da brisa

seu perfume preferido

VERT.

Lia de Sá Leitão

Normanda*

_

Quando falamos em cultura imaginamos mil maneiras de acúmulo de conhecimento humano, desde o momento em que se nasce numa determinada família pertencente a uma determinada sociedade, seja ela urbana, campesina, tribal, branca, negra, indígena, independente do fator econômico ali está intrínseca ao dia – a – dia do homem a cultura, o conhecimento empírico repassado de geração em geração.

No momento não se faz necessário enumerar o envolvimento cultural na vida do homem, as relações e as influências do meio serão tantas que o objetivo principal dessa coletânea de Lendas e essa introdução ao mundo do maravilhoso não caberiam em um só texto, necessitaria de escrever compêndios e mais compêndios para só assim iniciar o direito de estuda-las uma a uma em seus contextos naturais e intersociais.

No entanto, tomando como base da maneira mais simplificada possível, podemos mostrar a cultura de uma maneira prática, sem muitos floreios sociológicos ou etnológicos, mas apresenta-la na sua forma de expressão mais ligada à nossa realidade.

A música e a dança, a poesia oral ou escrita, a religião, deuses e mitos, lendas e crendices populares, brincadeiras infantis, tudo aquilo criado pelo imaginário humano para explicar de forma mais simples as suas próprias conclusões, medos, dúvidas crenças, enfim, a falta de explicação científica dos fenômenos naturais.

A riqueza da cultura popular existente no Brasil, é proporcional ao tamanho do território Nacional, cada Região mesmo marcada pelas influências do domínio europeu, e com a miscigenação inevitável entre as três raças culturalmente distintas, brancos, negros e índios, é notado as marcantes influências culturais ocorrida nessa Nação ainda criança de apenas quinhentos anos, assim sendo temos como base as lendas que algumas são comuns a todo o Território Nacional mas enfocamos as comidas que fazem a distinção dos paladares de cada parte desse país com dimensões continentais.

Dizer que o Brasil tornou-se o país do Carnaval e do futebol, faz parte de uma propaganda que restringe a dois únicos eventos culturais um povo ainda em formação, porém, rico em sua diversidade de folguedos populares.

Onde estão colocadas as modinhas cantadas nos terreiros das fazendas no repique da viola e da sanfona? As cantigas de roda que as crianças ainda brincam nas escolas dos grandes centros urbanos com a mesma voz estridente e sorridente das meninas do campo?

As lendas do mar, das águas, da Lua, do Sol, dos peixes e aves, dos homens que viram bichos dos bichos que viram homens, das mulas sem cabeças, dos curupiras, dos desejos de mulher grávida em comer língua de boi, das comidas, das festas dos Santos padroeiros e até mesmo do Natal marca maior deixada pela influência do Cristianismo trazido da Europa?

O objetivo maior dessa Coletânea de dez lendas da Região Norte é levar ao conhecimento do jovem brasileiro e até do jovem estrangeiro que os nossos nativos, o nosso povo indígena tem as suas tradições e as suas sociedades ricas em sua cultura oral, e passar o mínimo de conhecimento para que a partir desse momento possa haver uma ruptura da idéia que no Brasil, o país tropical abençoado por Deus, é o país de mulheres nuas, pandeiros, pagodes, e bola rolando no gramado e uma massa humana a gritar gol!

Professora Lia Lúcia Almeida de Sá Leitão.

LENDA.

A palavra lenda foi incorporada ao nosso vocabulário através de uma derivação da palavra latina legenda que significa aquilo que não deve ser esquecido.

Estudiosos como Ayres Filho e Weitzel (1995). Afirma Ayres que; a lenda é uma narração de sucesso fantástico, Weitzel é mais incisivo ao dizer que: é um mundo de realidade, embora exagerado e colorido, ao mundo sobrenatural do mito e ao mundo fictício do conto”.

Segundo Weitzel existem quatro categorias de lendas são elas:

As lendas pessoais – São atribuídas aos indivíduos cuja vida possui uma particularidade espetacular, que aos olhos dos outros chega ao soberbo, ao fabuloso, um feito maravilhoso. Seria um feito heróico, ou o mau caráter de um anti-herói, um fato desconhecido como rezar o ferimento mortal de uma mordida de cobra, apagar incêndios em florestas com rezas bravas até mesmo prender o diabo dentro de uma garrafa.

As lendas locais ou tópicas – São aquelas que determinam a região de lagos, montanhas, cavernas, rios, o lugar, onde se dá a narrativa da criação do maravilhoso popular, Um exemplo acessível é a lenda da Iara, metade mulher metade sereia, que vivem nos rios e lagoas amazônicos para seduzir com seus cantos os pescadores desavisados levando-os à morte por afogamento.

As Lendas episódicas – São aquelas que estão associadas a um evento ou a um acontecimento de ordem particular. Singularmente, como estamos tratando das lendas amazonenses podemos citar a lenda da criação da rede, onde o cacique tinha medo de dormir no chão por cauda dos bichos da mata, e pediu ajuda ao tucano que nessa época ainda tinha o bico curto e podia falar. Teceram a rede, e o cacique pediu para a ave ficar de bico fechado, era segredo aquele medo do chefe, como o tucano abriu o bico e contou para todos, o índio puxou-lhe o bico até ficar grande e não poder mais falar.

A lendas etiológicas – São os contos indígenas pois estudam as causas e as origens dos fatos explicando as suas implicações e seus aparecimentos. É possível citar o medo e o cuidado que os pais das meninas moças na Região Norte brasileira tem em deixar as suas filhas participarem das festas populares, e folguedos em noites de lua cheia próximo aos rios, devido a transformação de um peixe boto em um homem belíssimo e sedutor. Podendo enganar as moças e depois deixá-las abandonada à própria sorte.

As lendas no Brasil servem como uma distração popular, não tem um público específico. Atinge aqueles que vivem nos campos e ao anoitecer sentam-se ao redor de um contador de causo, ou na varanda de uma casa de fazenda, ou ao redor de uma fogueira para aquecer o frio e iluminar a noite campesina, nas cidades, nas escolas, nas tribos indígenas, até mesmo em rodas de amigos nos shoppings para matar o tempo e dar asas à criatividade.

São narrativas que envolvem um produto de criação fantástica, determinada pela ficção, a pessoa que conta o causo(caso) tem a responsabilidade de dar um tom de realidade ao maravilhoso, um brilho especial, a graça, a vitória e o assombro é um dom daquele que narra.

A natureza fantástica da lenda no Sul, Sudeste, Nordeste, Centro Oeste ou Norte, assume na cultura da nossa gente brasileira as suas peculiaridades, onde o fantástico, o surpreendente, o inusitado e o impressionante de cada narrativa assume o papel de realidade paralela no imaginário popular, onde tudo é possível, assim sendo, não existe limite de criação.

As lendas se perpetuam de acordo com a absorção e o gosto popular pelo tema.

Os fatos, os locais e os personagens implicam sempre no comportamento e no grau de comprometimento de cada envolvido na trama, seja na função do herói, do bandido, do medroso, do astucioso ou mesmo daquele que passa pelo processo de mutação ou metamorfose.

A narrativa conceitual, de cunho moralista ou religioso tem seus momentos de êxito junto ao público ouvinte e serve como orientação cultural tanto como as Leis que regem o praciano nas grandes cidades.

ESPAÇO DE TUDO

Lia Sá Leitão - 26/12/2001

Espaço de tudo,

Corpus Nus,

mergulho a minha dor

no cigarro que abafa a tua fala,

trago no olhar o segredo do silêncio

a morte por

AMAR-TE.

Uma taça de vinho,

Um pouco de carinho,

um corpo em lágrima

mais um trago,

fantasma vadio que dança na rua

atravessa caminhos,

MADRUGADA.

Pensamento de cio,

pelo preço do teu berço,

pelo suor dos teus cabelos,

pelo afago,

pelo beijo,

pelo calor e o desejo,

pelo encontro,

reencontro,

desencontro,

neste delírio

criei o teu sonho,

a tua mente sã

ferve em meio a minha loucura!

Eu te engulo, caço, deporto,

estrangulo,

teu fantasma atravessando a minha a vida,

no compassado dos passos pelo paço,

ou ao lado do banco no meu carro,

na tua música, na tua letra,

no teu poema de artista,

na minha noite sem pirilampos,

na minha cor de noite sem gatos pardos,

na hora de agora

o corpo treme,

a alma vadia chora

o que esqueceu de encerrar no ciclo

dos nós.

Lia Sá Leitão

13/11/2001

NA TUA MÚSICA

Lia Lúcia de Sá Leitão

09/9/2007

Para Lápis-lazulli com carinho.

Na tua música está a minha letra

Em teu cantar

Estou toda ouvidos

Sinto a vibração da viola

Como a chuva que bate contra a janela

E escorre como a lágrima destinada a um amor sem domínios

Sem limites

Sem realidades

As minhas lágrimas soltam as amarras da mulher que sente o palpitar do poema

Vivencia o soluçar da emoção, e faz de seu próprio silêncio

O delírio da melodia e do ritmo

Da voz em delírio

Na mão que toca o instrumento

desejos de bis.

O sabor dos tempos comuns é mudar as poeiras da estante e seguir ao som

Vem e eu te espero!

É tarde!

A melodia dos desejos não aplaca o desejo da posse,

aflito o sono mente que dorme tranqüilo

e o fantasma que é só teu

atravessa de um lado a outro a parede do quarto, deita ao lado da cama

brinca com os cabelos loiros de quem sofre a falta de afago,

segredar ao vazio da alma a negação dos carinhos na penumbra do quarto que jamais será nosso

e quando a noite se vai os mais extravagantes desejos exalam seus cheiros

delírios tomam a carne

que pode acontecer

o toque proibido

a mão mais atrevida

uma lembrança atrevida do teu sorriso

tudo está guardado

na tua música.

Deixe que embebede dos beijos doces

E no mergulho ir ao âmago do sonho

Viver em teu universo

E deixar que meus olhos filmem os teus olhos molhados de luz

Deixe que mergulhe em teu corpo e sinta o sabor do néctar de tua felicidade

Conhecer teu toque firme em meu corpo elétrico

Na sintonia de viver os mais loucos encantos

Dessa doce sinfonia.

Deixe que enlace os teus braços em abraços firmes

Faz de mia viola que segue contigo pelos bares

Viola meus preconceitos ocidentais

Dedilha em mima canção que se faz de amor

Na calada da noite, no silêncio do mar

Faz desse instante

O poema eterno

Amor

NA TUA MÚSICA

Lia Lúcia de Sá Leitão

09/9/2007

Para Lápis-lazulli com carinho.

Na tua música está a minha letra

Em teu cantar

Estou toda ouvidos

Sinto a vibração da viola

Como a chuva que bate contra a janela

E escorre como a lágrima destinada a um amor sem domínios

Sem limites

Sem realidades

As minhas lágrimas soltam as amarras da mulher que sente o palpitar do poema

Vivencia o soluçar da emoção, e faz de seu próprio silêncio

O delírio da melodia e do ritmo

Da voz em delírio

Na mão que toca o instrumento

desejos de bis.

O sabor dos tempos comuns é mudar as poeiras da estante e seguir ao som

Vem e eu te espero!

É tarde!

A melodia dos desejos não aplaca o desejo da posse,

aflito o sono mente que dorme tranqüilo

e o fantasma que é só teu

atravessa de um lado a outro a parede do quarto, deita ao lado da cama

brinca com os cabelos loiros de quem sofre a falta de afago,

segredar ao vazio da alma a negação dos carinhos na penumbra do quarto que jamais será nosso

e quando a noite se vai os mais extravagantes desejos exalam seus cheiros

delírios tomam a carne

que pode acontecer

o toque proibido

a mão mais atrevida

uma lembrança atrevida do teu sorriso

tudo está guardado

na tua música.

Deixe que embebede dos beijos doces

E no mergulho ir ao âmago do sonho

Viver em teu universo

E deixar que meus olhos filmem os teus olhos molhados de luz

Deixe que mergulhe em teu corpo e sinta o sabor do néctar de tua felicidade

Conhecer teu toque firme em meu corpo elétrico

Na sintonia de viver os mais loucos encantos

Dessa doce sinfonia.

Deixe que enlace os teus braços em abraços firmes

Faz de mia viola que segue contigo pelos bares

Viola meus preconceitos ocidentais

Dedilha em mima canção que se faz de amor

Na calada da noite, no silêncio do mar

Faz desse instante

O poema eterno

Amor