REENCONTRO DE GRANDES AMIGOS

REENCONTRO DE GRANDES AMIGOS

Sábado passado, na sede náutica do Esporte Clube Beira Mar, em São Vicente, realizamos, eu e muitos amigos de infância, uma tocante homenagem ao professor Joaquim, um inesquecível mestre de Educação Física do Instituto Estadual de Educação Martim Afonso, de São Vicente, dos anos 60. É preciso que se diga qual a motivação que levou ex-alunos, passado tanto tempo, prestarem uma reverência espontânea a um professor de uma matéria que era pouco levada a sério nas escolas públicas. Joaquim foi, com sua atuação, um marco, um divisor de águas, que mostrou a muitos estudantes a importância e as possibilidades que praticar esporte proporciona na formação do corpo e do caráter dos jovens. Antes da chegada do professor Joaquim ao Martim Afonso, as aulas de Educação Física consistiam em conduzir os alunos à praia, dividir o grupo em dois times, jogar uma bola de vôlei no meio e aguardar o término do tempo da aula. O mestre ficava sentado na mureta anotando as presenças e as faltas dos alunos. Lembro da chegada do novo professor, um moço alto, magro de olhos claros e jeito de interiorano. Aos poucos Joaquim, com sua maneira tranquila de lidar com os alunos, demonstrou desde o começo que não era um mero espectador das partidas de futebol na praia e que existiam outros esportes além do futebol. Mostrou também que pode e deve haver uma interação da escola com a comunidade, com os clubes e ligas esportivas do município e que, na escola também surgem grandes talentos esportivos. Formou vários bons atletas e despertou em muitos o gosto pela prática desportiva. Acima de tudo, transmitiu que Educação Física não consiste só em exercícios do corpo, mas que é fundamental na formação do caráter, do espírito de equipe, da competição respeitosa entre adversários, e os inúmeros outros valores gerados pelo esporte.

Além dessa merecida homenagem a um mestre de Educação Física que teve uma ativa participação na vida de seus alunos e sua interação com a comunidade, mais uma vez Joaquim foi um gerador da confraternização de seus alunos. Como efeito colateral, tão importante como a homenagem ao professor, foi um reencontro de amigos de infância e adolescência de 50, 60 anos atrás, onde a emoção e a alegria de rever aqueles garotos, agora senhores, a maioria de cabelos brancos, foram os sentimentos que predominaram durante todo o dia. Pessoas que, se não fosse por esse encontro, não reconheceríamos no dia a dia. O passar do tempo muda nossa face, nosso corpo e as experiências deixam suas marcas em nossa personalidade. Aquele careca é o nosso antigo vizinho, o gordão é o irmão do cara da loja, o magrelo de cabelos brancos é o sobrinho de um grande amigo, o de camisa verde é o goleiro do nosso time infantil, etc. Passados o primeiro impacto, onde fomos nos reconhecendo e nos identificando, o clima ficou maravilhoso, todos voltaram a ser aqueles moleques de antes e os nomes há muito sequer pronunciados foram sendo ouvidos: Zé Soneca, Farias, Caloca, Infante, Nazário, Paulo Pastel, Adinho, Enio, Luciano, Di (que eu confundi com Celinho Fantasma), Muca, Oscar e outros muitos outros. Todos muito amigos, ligados por um passado comum em uma cidade que era tão nossa e não existe mais: São Vicente dos anos sessenta. Foram horas de muita alegria, muita gozação, conversa séria, troca de opiniões, tudo isso acompanhado de um churrasco e regado a uma cervejinha que ninguém é de ferro. Pura magia e celebração de amizades que permaneceram e atravessaram décadas. Final de tarde, todos com as energias carregadas da sensação de ter reencontrado suas origens despedimo-nos, já pensando em novos encontros iguais. Aguardemos. Obrigado a todos por existirem e fazer parte da minha estória de vida. Amo a todos. Beijo no coração de cada um. Obrigado professor Joaquim!

Paulo Miorim, 07/10/2019

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 07/10/2019
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