Um Pequeno Sacrifício

Quando meus filhos eram pequenos, eu não tinha tempo para curtir minha música. Ouvia tudo que eles ouviam: Trem da Alegria, Xuxa, Mariane, Mara Maravilha, Simony, Sérgio Malandro, as músicas dos programas da TV Cultura e por aí vai.

Uma vez, na feira das Perdizes, estava comprando pastel quando reparei que o cara todo dark ao meu lado se parecia muito com um dos Titãs.

Ele percebeu e antes do meu olhar ser mal interpretado falei, "Nossa! Como você se parece com o Titã, Paulo Myklos". Ele deu um sorriso debochado e respondeu, "Sou ele mesmo". Dei risada e disse, "É nisso que dá ter filho pequeno. A gente deixa de ouvir o que gostamos e passamos a 'curtir' a musiquinha deles."

O Titã deu risada e disse, "Ser pai tem disso mesmo e não pára aí."

Ele aponta para uma quase adolescente de uns 11 ou 12 anos de cabelos escuros e longos, vestida de preto e de cara amarrada. Na certa era sua filha, Manoela.

Percebi que deixar a minha música de lado era apenas mais um dos pequenos sacrificios que faria durante a infância dos meus filhos e que na adolescência seriam outros quinhentos.

O tempo voa mesmo. Não demorou muito e a vitrola/stereo system e o toca fita/cassette player deram lugar para o Cd player.

O primeiro Cd que tocou em casa? O da Marisa Monte, presente do meu amigo e colega Alex. A experiência foi tão boa que comprei o CD - Calango (1994) - o segundo álbum do Skank.

Vinnie tinha 9 anos e o gosto musical lá de casa começava a tomar outro rumo.

Graças a Deus. Havia luz no final do túnel.

Calada Eu
Enviado por Calada Eu em 06/11/2019
Reeditado em 06/11/2019
Código do texto: T6788238
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