RIO IPOJUCA – MEU TESTEMUNHO
Ysolda Cabral 


Hoje, no trabalho, a Gerente de Fiscalização do Crea-PE, também filha de Caruaru, me chamou para conversar sobre a sua preocupação e a do Presidente do Conselho, sobre a situação de ''doente terminal'' do nosso Rio Ipojuca. Fiquei triste, muito triste, até mais do que ultimamente ando, com as notícias medonhas que a gente vem tendo todos os dias. E a medida que ela ia me mostrando fotos, algumas até pensei que fossem de algum lixão, o meu coração acelerava de indignação e tristeza.

Foi aí que voltei no tempo. Para ser exata há mais de quarenta anos, quando já havia em mim a preocupação com o Rio Ipojuca, tanto que, ao transitar, a pé ou de carro, pela ponte do Rosário Velho (Bairro Indianópolis), sentia vontade de chorar posto que, já naquela época, o lixo tomava conta de seu leito, de suas margens, e as muriçocas tomavam conta da cidade de um jeito que, após as 16 horas, a gente tinha que fechar as portas e janelas de nossas casas, sob pena de não dormir durante toda a noite. - Não havia inseticida que desse jeito! Era muriçoca demais e se tentássemos falar alguma coisa, elas entravam boca a dentro e só Deus sabe o que seria de nós. - O Rio pedia socorro e nós também!

Bem, confesso que fiquei surpresa ao saber do estado em que se encontra, atualmente, o Rio Ipojuca que, deveria, como o Morro do Bom Jesus, estar muito bem cuidado e preservado, – soube que fizeram uma melhoria no Morro e de que, agora, a gente pode ter acesso a ele sem correr o risco de morte ou de sermos assaltado.

Engraçado é que, da última vez que estive em Caruaru, ao passar pela mesma ponte, vi um Rio sem água mas, também, não havia lixo. - Fiquei feliz, muito feliz! - Achei que as coisas tinham progredido, mudado como o Morro mudou, e que em tempos de chuva ele iria dar gosto de ver, como a Feira dava.

E agora essa?! - Como pode?! A cidade cresceu, se embelezou toda com seus arranhas céus – até parece uma grande metrópole e ninguém se preocupou em preservar o nosso Rio Ipojuca?

Muito triste olhando as fotos, vi algumas com flores belas e viçosas, nascidas às suas margens a garantirem que ali ainda existe Vida.

 
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Apenas Ysolda
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza, ou saudade sem pudor 


 
* Imagem ilustração de Thiago Petterson,  com fotos da Gerente de Fiscalização do Crea-PE , e uma de Caruaru ,atualmente, coletada no Facebook do amigo conterrâneo Moacir Souza Gomes.