Sobre o fim de 2019

Dois mil e dezenove está chegando ao fim. Assim como tudo na vida, tal processo anual nasceu, sobreviveu e irá descansar agora. Persistiu em meio a tantas pancadas, advindas de todos os lados, diria. Em relação à partida, bem que eu gostaria de ser otimista e acreditar na vinda de um ciclo distinto completamente.

Fiquei tentando buscar uma só palavra para definir esse ano, mas não consegui. Talvez, porque tenha sido - na verdade, deu-se dessa maneira - um amontoado de acontecimentos e de sentimentos. Indizível quase.

Se for parar para refletir sobre o cenário político-social do mundo, foi desastroso. Marcado por irresponsabilidades, desumanidade, falcatruas, acordos inconcordáveis em um plano ideal. Pretendo não imergir nesse assunto, posto ser uma grande dor de cabeça e eu quero ser leve nesse texto.

Aproximando-me da minha experiência pessoal, foi um ano que trouxe muitas verdades à tona. Isso porque nem acredito em sua universalidade, já repleta de uma pegada foucaultiana sarcástica. Dois mil e dezenove teve a coragem, a ousadia de escancarar diversas faces, perfis e de colocar o ego à prova de fogo. Foram imensos desencontros, reencontros e acessos aos universos de conhecimento do outro e de mim mesma. Desse ponto de vista, engrandecedor.

Sim, amadureci bastante. Tive o protagonismo nas decisões do meu futuro. Sobretudo, gostei de alcançar a pessoa centrada, habitante de mim, assim como aceitadora da magnífica solitude. Pareceu um furacão, né? Internamente, bem desmontado no seu término.

A passagem de pessoas, lugares, opções, ideias, etc., é muito necessária. Faz a gente se renovar. Em que local do planeta isso é negativo? Como costumo dizer, são explosões estelares propiciadoras de novos espaços a preencher com significados. Outros olhares aprimorados. Quão catártico em essência!

É fundamental e suportável levarmos os baques da vida, uma vez que não possuímos ossos de vidro, como foi dito em "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain". Ensinamento. Um ano agitado, turbulento, entretanto com o formidável estilo dos professores: objetivo de tentar explicar o tanto. Este tomado pelo nada, em variados casos, com o seu devido valor. Iniciamos ou passamos a ter consciência das dificuldades impostas, à medida em que o tempo nos leva. Aprender a lidar, aos poucos, com os empecilhos faz toda a diferença.

Eu não sei o que dois mil e vinte nos aguarda. Nem posso prever, pois o futuro é próprio centro antecipador dos fatos, ele que nos captura. Logo, é impossível atingi-lo - até esse instante pelo menos. O que será do ano seguinte então? Mar de flores? Longe. Grandes guerras? Maiores do que essas? Fica a questão. Porém, posso afirmar que, depois deste alvoroçado e intenso ano, passei a ser uma versão especial de mim mesma: absorvi, cresci e revivi.

Boas rememorações, confortos e um excelente 2020 a todos vocês!