EMPUNHANDO BANDEIRAS...

No âmbito da política partidária de todo o universo conhecido sempre existiram as duas faces da moeda para identificar seus governantes, a saber: a situação, representada pelo grupo que está no poder e a oposição, que representa o grupo que está agindo por fora, querendo entrar.

Entre um e outro, há um grupo intermediário, representado pelo povo, que em certas ocasiões funciona como uma biruta (aparelho que indica a direção dos ventos de superfície, empregados nos aeródromos para orientação das manobras das aeronaves, e que tem a forma de uma sacola cônica, instalada perpendicularmente à extremidade de um mastro).

Noutras ocasiões, esse mesmo grupo, impulsionado por algumas circunstâncias alheias à sua vontade, funciona como um cata-vento (aparelho usado para determinar a velocidade e a direção do vento, que é indicada pela grimpa e a velocidade por ponteiros projetados de um arco metálico.)


Resguardadas as devidas proporções, os integrantes do grupo intermediário, em meio às divergências de opiniões partidárias vividas entre os integrantes da situação e/ou da oposição, tendem a acompanhar e a vivenciar a direção e a velocidade mais favoráveis dos ventos que sopram no seu dia a dia.

Visando ao posicionamento da direção e da velocidade ideal do vento que cada um dos integrantes do grupo intermediário poderá vivenciar no seu dia a dia, esses dois grupos políticos partidários (situação e oposição) do nosso país, vivaldinos contumazes que os são, associaram algumas expressões de efeito, tais como: “militantes da direita”, “da esquerda”, “da extrema direita”, “da extrema esquerda”, “do centrão”, “militantes coxinhas”, “militantes mortadelas” “os fascistas”, “os comunistas”, “os neofascistas”, “os petralhas”, “os bolsominions”, entre outras, aos perfis dos adeptos de cada um dos lados (situação e oposição), em particular, e ao longo dos tempos foram criando nuanças, as mais variadas, para mais tarde serem disseminadas maciçamente na redes sociais, tentando com isso “marcar” o território ideológico que é ocupado por cada uma delas.

Inadvertidamente, e influenciado por esses grupos políticos partidários (posição e situação), o grupo intermediário (povo), que inicialmente era unido, se dispersou e passou a brigar entre si, formando esse fenômeno social chamado de polarização, de quem tanto se tem falado nos nossos dias.

Imaginando estar bem representado pela situação e pela oposição, cada um ao seu tempo, o grupo intermediário, formado pelo povo, evidentemente, disperso e com pouca representatividade por parte dessa situação e dessa oposição pouco comprometidas com os anseios sociais e econômicos almejados por ele, passou a formar grupos distintos.

Empunhando suas bandeiras, passaram a brigar entre si, se identificaram nos meandros da política partidária, tanto do lado da situação, como do lado da oposição e, como num passe de mágica, cada um desses pequenos grupos foi se encaixando em um desses tons de cores que foram impingidos/mostrados diariamente nas mídias radiofônicas, jornalísticas, televisivas e virtuais.

Organizados nos seus mundos isolados, passaram a tratar um ao outro como sendo seus rivais e adeptos incondicionais do vermelho, do verde, do verde-amarelo, do branco e preto, do marrom, do rosa, do azul, etc.), respectivamente, e essa “distinção” também serviu para identificar as bandeiras ideológicas que passaram a ser empunhadas por eles nas ruas, praças e avenidas do nosso país, nos seus momentos de comemorações ou de convulsões sociais.


Enquanto isso, do outro lado da muralha que separa a plebe da nobreza, durante o dia e, especialmente, na calada da noite, em locais e horários previamente determinados, os grupos formados pela situação e pela oposição, deixam de lado a rivalidade aparente que dizem nutrir um pelo outro, se unem por algumas horas e fingem trabalhar em prol do grupo representado pelo povo, tudo por conta de eventuais votos que receberão ou não nas próximas eleições.

Queiramos ou não admitir isso, situação e oposição são todos farinha do mesmo saco e cada um dos seus integrantes é, de alguma forma, sustentado, respectivamente, por meio dos tributos pagos pelos integrantes do grupo intermediário (povo) para produzir ou não algo em prol do crescimento da nação que eles se dizem representar .

Já o grupo do povo, esse é diferente. Por fazer parte de uma classe dependente dos dois primeiros, ora funciona como uma biruta, ora age como um cata-vento para se manter na ativa.


Como eleitor consciente, já vivenciei os dois lados (oposição e situação) em alguns momentos cíclicos da política partidária nacional, sempre empunhando minha bandeira na condição de integrante desse grupo representado pelo povo e ainda hoje o faço, convicta e dignamente.

A pergunta que não quer calar é essa:

- Como eleitor/cidadão que defende, direta e/ou indiretamente, um dos dois lados, identificados como situação e oposição, respectivamente, os quais se dizem dispostos a lutar bravamente para “conduzir”, no caminho certo, os passos desta nação, você se sente feliz, realizado e bem representado politicamente, ao empunhar a sua bandeira ideológica do momento, ou ainda está vivendo numa corda bamba?