Crônica da morte certa

Boa noite meus 23 fieis leitores e demais 36 que de quando em vez passam por essa minha estrada da vida literária ver esse Bacamarte escrever como se nunca fosse ficar velho e morrer. A vida é incerta e a morte é certa.

Vendo ele ali, deitado, nome de santo e cabelos de anjo, sorriso de pecador, entendo que a vida é incerta e que só a morte é mesmo certa, como dizem. Na verdade a morte é errada, pois todo mundo deveria viver para sempre. Claro, a vida eterna e verdadeira é no outro mundo, mas não vamos complicar as coisas, falo estritamente sobre a perspectiva terrena, não da dos santos que chegam a pedir a morte para estar junto com o Pai, como São Paulo.

A morte é certa, eis que inevitável. Nasceu, morrerá. A vida é incerta, pois o que nos acontecerá amanhã? Ano que vem? Daqui a dez anos, se estivermos vivos? Um monte de gente através de todos os séculos já se colocou essas questões, pelo justo motivo de que essas questões da humanidade são também da história individual de cada homem e de cada mulher, ou seja, chega um momento ou vários deles em que nos colocamos essa questão. Temos que passar por isso assim como temos que aprender a caminhar e a falar.

Geralmente nas situações limite sobre as quais Karl Jaspers teorizou é que nos questionamos sobre isso, seja por estarmos numa delas ou por alguém próximo estar. E daí aquelas velhas perguntas que já estamos carecas de saber se colocam agora especificamente para a gente e se tornam um problema cabeludo. Deus explica. A Palavra explica. A ciência explica. A nossa fragilidade, todavia, questiona e a nossa força resiste à tensão, agarrada à explicação em que acreditamos.

O certo é que ele está ali, deitado, nome de santo e cabelos de anjo, sorriso fraco de pecador decadente, mente confusa de cientista aposentado. Ele resiste e toma prumo, voltando à vida incerta e a ela se agarrando com segurança frágil, pois só a morte é certa, embora a vida incerta seja uma luta onde se vence muitas batalhas a cada novo dia e se bebe para comemorar tais feitos. Viver é sobreviver.

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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.

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(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina

Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".).

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 12/02/2020
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