IMPRESSÕES SOBRE A VELOCIDADE DO TEMPO

Mês passado dirigi-me à companhia telefônica, no centro da cidade, a fim de realizar uma ligação para um amigo, com o qual não conversava há muitos anos.

Uma semana atrás juntei um punhado de fichas, que encontrei nas gavetas da escrivaninha, e fui ao telefone público, à cem metros de casa, ligar para esse mesmo amigo, com quem não falava há cerca de uma semana.

Três dias depois, com os primeiros raios de sol, levantei-me da cama e fui até a sala telefonar para o meu pai, que havia me ligado no dia anterior para falar sobre sua crise no ciático, que dificultava sua locomoção.

Anteontem, antes do nascer do sol (meu pai dorme pouco), o telefone de casa tocou. Por sorte, o sem fio ainda tinha bateria e estava ao lado de minha cama. Pude atende-lo, ainda deitado, e saber mais notícias sobre o ciático, que havia melhorado.

Ontem, de madrugada, após sair de uma festa, peguei o tijolão e chamei um táxi, pois não havia mais ônibus para o meu bairro naquele horário.

Hoje de manhã, acordei meio tarde, de ressaca, e mandei um SMS para o meu chefe, avisando que demoraria a chegar, pois o motorista de aplicativo estava alguns anos atrasado.

À tarde, antes de encerrar o expediente, lembrei-me do meu smartphone que havia ficado na gaveta o dia inteiro e contabilizava mais de duzentas mensagens, só do Whatsapp.

Amanhã de manhã, enquanto esquento um copo de leite no microondas e espero as torradas ficarem prontas, pretendo dar uma lida em minhas mensagens no visor da geladeira, para não acumularem no final do dia.

Por fim, na semana que vem, quero fazer uma reunião em rede neural com meus amigos para estrearmos nossos novos modelos de chips cerebrais, que trarão mais agilidade em nossa comunicação, nos aproximando de todos e tornando-nos o tempo todo disponíveis no mundo virtual.