DEVANEIO

DEVANEIO

O que foi feito das mãos dadas e sorrisos à toa ofertados ao vento, por nascerem da simplicidade de uma boa companhia?

Será que conforme a vida bate, devemos simplesmente apagar esses sorrisos e numa reforma íntima nos tornarmos áridos e desertos de alegrias prolongadas?

Eu continuo teimando... Recuso-me a envelhecer dessa maneira e enrugar tanto meu rosto que ele já não seja mais capaz de se iluminar num reencontro...Continuo a acreditar em namoros inocentes com cinema em fim de tardes, choppinho num barzinho legal em noites de chuva, beijos roubados na rua e risos...muitos risos cúmplices entre pessoas que se fazem felizes por simplesmente terem se encontrado!

Estou envelhecendo sim... Envelhecendo do avesso, e continuo esperando essa pessoa simples e sem medos, essa pessoa menos amarga que as amarguras que já tenha sofrido...Ainda quero ensinar aos meus filhos que beijo na boca é bom...e quanto mais beijamos, melhor fica, e se beijamos muito uma mesma pessoa por um longo tempo, isso pode trazer muito prazer e alegria!

Talvez por isso eu tenha me tornado tão obstinada em criá-los sozinha, sem a ajuda cínica de algum homem viciado em machismos atávicos impostos pela sociedade... Porque quero que eles sejam capazes de sonhar romanticamente com a princesa encantada!

Ainda não entendo como as pessoas podem apagar de suas vidas uma necessidade tão básica de boa companhia... Por que algumas pessoas fogem tanto dessa simples alegria? É medo? É desilusão? É desânimo em recomeçar e poder se ferir novamente?

Acho que quando chegamos a tal aridez, é porque morremos e alguém esqueceu de avisar!

Dentre as tantas alegrias que a vida nos oferta, esta de buscarmos um adulto inteligente e bem humorado para compartilharmos nossos sorrisos, é uma das alegrias que maior prazer nos proporciona...

Então continuarei a não entender as pessoas que fogem de relacionamentos evitando a felicidade. Relacionamentos adultos são tão complexos e com tantas nuances... tudo depende das necessidades e responsabilidades que possuímos, e isso não se chama namoro, casamento ou caso...se chama simplesmente companhia!

Continuarei a não entender como as pessoas se contentam sendo felizes pela metade, e continuarei a buscar sim... Um amor forte, sereno, bonito e cheiroso...Um homem bom! (deve ter um exemplar escondido em algum lugar!)

E continuarei a rir e sorrir, brincar, contar piadas, falar demais e falar besteira... Continuarei a ser expansiva e forte, e ter muito orgulho da mulher que sou..."Essa menina, essa senhora,

em que esbarro toda hora

no espelho casual,

é de sombra e tanta luz,

de tanta lama e tanta cruz,

que acha tudo natural"...

JUNO
Enviado por JUNO em 09/10/2007
Código do texto: T687014