PEGUEMOS A VISÃO!

“Mangueira

Samba, teu samba é uma reza

Pela força que ele tem...”

(Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo)

Eu vivi pra ver, no ano 2020 da graça do nosso Senhor Jesus Cristo, o dia em que a interpretação do Seu Evangelho feita por carnavalescos calou mais fundo do que os sermões de milhares de sacerdotes, e o retumbar dos tambores da bateria de uma escola de samba emocionou mais do que o coro de milhares de igrejas. Ninguém me contou, eu vi.

Coincidência ou não, segundo os Evangelhos canônicos, poucas foram as vezes que o [outro] Messias (Aquele que usava as mãos para curar enfermos, não para fazer sinal de arma) fora encontrado nas sinagogas, entre doutores da Lei e sacerdotes em comparação com Suas constantes estadas entre camponeses iletrados, cobradores de impostos, adúlteros, ladrões, estrangeiros e toda sorte de transgressores, pecadores e marginalizados. Não casualmente, foi acusado (com toda justiça) de ser amigo destes. De fato, Ele foi amigo da escória – fez questão, até em seu último ato, já crucificado, de deixar claro que, pra Ele, bandido bom é bandido convertido.

No Brasil patriota, no entanto, líderes cristãos (e milhões de crentes comuns) pregam abertamente a extinção de minorias, comemoram o “cancelamento do CPF” de criminosos sem julgamento, apoiam campanhas de linchamento moral fundadas em calúnias, desde que o alvo seja qualquer pessoa ou grupo desafeto de seus candidatos, e preferem ser amigos de milicianos do que de ‘cumunistas’ do PT.

A tudo isso os cristãos patriotas, seus líderes e seu Messias chamam de conservadorismo cristão.

Quando esteve, em carne, por aqui, Aquele [outro] Messias a isso chamou hipocrisia.

Mas é sempre bom ter mais de uma opção na hora de escolher a quem seguir.

Creio que aqueles com quem Aquele [outro] Messias “escolheu” passar a maior parte do seu tempo e com eles dividir suas principais angústias e esperanças, saberão retribuir a menção – e o contrário também é verdade.

Segue a marcha!