SOLIDÃO

Prefiro andar entre os solitários. Prefiro a dor da ausência a alegria da falsa presença. Amo os andarilhos que, corajosos, saem pelo mundo num desbravamento interior. Penso que a hora do adeus é sempre mais emocionante que aquela do encontro. Não me percebo na multidão, sinto me invisível, embaçado, eclipsado, sufocado por máscaras sociais. Só quando estou sozinho me sinto totalmente livre. Prefiro as montanhas e vales que as ruas e ginásios. Prefiro cachoeiras e rios a Praia do Forte. Reencontro-me comigo mesmo e isso é agradável e reparador. Aliás, viver em sociedade é o grande desafio dos seres excepcionais - longe de ser um deles, apenas me sinto refrigerado, aliviado, ao saber que grandes homens e mulheres, vultos históricos também escolhiam a solidão do viver. A quietude; o silêncio.

É compreensível que a solidão desperte medo, porque costuma ser associada ao vazio, ao esquecimento e à tristeza, mas as mentes mais brilhantes desafiam a solidão, na verdade precisam da solidão. Entrar em contato consigo traz benefícios. Darwin recusava todos os convites para festas. E do isolamento nasceu o primeiro computador Apple. Mas para o mediano, a solidão é pavorosa, medonha, pois é nela que as máscaras caem. É na solidão do quarto que somos sinceros. Ali não ha português polido, não há formalidades e cortesias. O homem mais poderoso do mundo se torna um débil chorão. Corre se da solidão, pois é nela que acontece as maiores angústias, é nela que emergem das profundezas as nossas maiores mazelas, fracassos e fraquezas. É na solidão que as lembranças do passado ressurgem com a força dionisíaca embriagando a mente com o seu vinho nostálgico.

Aos desavisados; foi na solidão que o maior homem da História enfrentou por 40 dias a tentação do deserto, do pináculo e do monte. Foi também na noite fria e solitária do Getsemani que seu suor se transformou em sangue. E foi na cruz, entre dois ladrões, que Ele experimentou o seu maior desafio da solidão (...) "Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á..." Com esta ordem, Cristo deixa claro a importância de se cultivar o bom hábito de encontros com o nosso próprio ser, a sós. É na solidão e na quietude do nosso quarto que encontramos o divino, a epifania-teofania. Lá temos a oportunidade de chamar para bem próximo de nós, a nós mesmo, pois ela revela quem realmente nós somos, pois ninguém é de todo verdadeiro na multidão.

O problema é que, “Embora estejamos cercados de gente e de formas de comunicação, há um alto grau de isolamento. Não existe sensação pior de solidão que aquela que se experimenta ao estar em casal ou com gente”. Mas aqueles que cultivam a solidão como ideologia de vida, em sua maioria são autoconscientes; respeitam a individualidade dos outros; prezam por sua individualidade; têm uma autoestima equilibrada; não procuram aceitação social e são independentes por natureza.

Fazer questão de estar sozinho não significa, necessariamente, ser antissocial. Significa que você valoriza e respeita sua individualidade, seu próprio espaço. Todos nós precisamos curtir a nossa própria companhia, estar bem conosco, entender como a nossa essência se manifesta e tem se manifestado. Retirar se é preciso. Sair do foco! Respirar. Olhar e observar de longe. De fora do furacão. Apagar as luzes, sair de cena. DESLIGAR OS APARELHOS (celular; computador; relógios; internet...)E RESPIRAR POR CONTA PRÓPRIA!

Professor Moisés

filoliveira
Enviado por filoliveira em 03/04/2020
Reeditado em 03/04/2020
Código do texto: T6905177
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