JORNAIS TAMBÉM PASSAM
 
            O que surge desaparece. O que nasce morre. Até o tempo que é infinito, também passa. O tempo de ontem se foi, o tempo de hoje está indo, o tempo de amanhã irá. Assim, nós é que não nos acostumamos com a transitoriedade da vida, com a fragilidade das coisas. Queremos estar sempre presentes, queremos ser eternos.
            Lembro-me que em abril do 2016 o Jornal da Paraíba, criado em 1971, encerrava suas atividades. Anos antes já paralisava suas máquinas o Diário da Borborema, de Assis Chateaubriand, criado em 1957. A Gazeta do Sertão, ressurgida das cinzas em 1981 pelo idealismo de Edvaldo de Souza do Ó, havia mais uma vez adormecido. Igualmente, a Folha de Campina, do dedicado jornalista Josusmá Viana.
          E assim foi com tantos outros jornais impressos campinenses, a exemplo de  O Rebate, Gazeta da Borborema, Gazeta Campinense, O Momento, Tribuna de Campina, A Palavra, entre outros. Campina Grande perdeu todos os seus periódicos impressos.
         Agora foi a vez do Correio da Paraíba, de iniciativa de Teotônio Neto. Jornal que durante 66 anos prestou seus serviços ao público leitor paraibano. De idêntico modo aconteceu com outros jornais, a exemplo de O Norte, surgido em 1908, fechado em 1939, ressurgido em 1950 e retirado de circulação em 2012.
            Todos lamentamos perdas, porém, lamentável mesmo em tudo isso é que como Campina Grande, a tendência é o Estado da Paraíba deixar de ter um jornal impresso, hoje ainda assegurado pelo último dos moicanos, A União, o mais antigo da Paraíba em atividade e hoje único, com 127 anos de existência, surgido em 1893 no governo de Álvaro Machado. Circula com ele o Correio das Artes, suplemento literário que surgiu em 1949.
      Felizmente, os jornais eletrônicos estão de certa maneira substituindo os jornais impressos, embora a resistência a essa modernidade ainda esteja acentuada. Porém, os fatores econômicos que são na maioria das vezes determinantes para a manutenção das coisas, a flexibilidade de acesso aos meios de comunicação pela via eletrônica que ganha cada vez mais espaço na mídia e a capacidade de adequação inerente ao ser humano que o adapta facilmente às novas situações, têm permitido aos leitores o contato com a notícia e com seus escritores sem grandes perdas.
              Se Campina Grande já não mais dispõe de jornais impressos, conta com o Paraibaonline sob a batuta do jornalista e confrade Arimatéa Souza, que neste mês de abril comemora 17 anos de excelentes serviços prestados, não só à cidade, mas, ao mundo, pelo alcance multiespacial de suas ações.
          Até lá e só Deus sabe quando, temos que nos contentar que ainda podemos contar com os livros, que já perdem espaço para os e-books, com as livrarias que pela resiliência de seus empreendedores insistem em sobreviver e pelas academias de letras, a exemplo da Academia de Letras de Campina Grande, obra do ousado renitente Amaury Vasconcelos, que mantém sua luta de servir pela abnegação de seus acadêmicos na divulgação da literatura e cultura campinenses.
Ailton Elisiario
Enviado por Ailton Elisiario em 06/04/2020
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