NOSSOS DEMÔNIOS

Lutero, o "Reformador" de toda a liturgia católica, foi com certeza um homem atormentado por seres e aparições "demoníacas". Pouco se sabe sobre estes eventos na vida do Padre e Irmão Lutero. Situações cercadas de mistérios e inverdades, acréscimos e maximização daquilo que realmente tenha acontecido. Antes de se tornar o famoso Lutero, pai da Igreja Luterana, foi levado, já velho para escolas em Mansfeld, Magdeburgo e Eisenach com o objetivo claro de se tornar um funcionário público e assim melhorar as condições econômicas da sua família. Ingressou na Universidade, fez mestrado, estudou Direito seguindo os desejos da mãe, teve uma vida dedicada aos estudos. Mas um acontecimento marcou de forma decisiva a sua vida. Uma grande tempestade com descargas elétricas, ocorrida no ano de 1505: um raio caiu próximo de onde ele estava passando, ao voltar de uma visita à casa dos pais. Aterrorizado, teria, então, gritado: "Ajuda-me, Sant'Ana! Eu me tornarei um monge!" Tendo sobrevivido aos raios, deixou a faculdade, vendeu todos os seus livros, com exceção dos de Virgílio, e entrou para a ordem dos Agostinianos, de Frankfurt, a 17 de julho de 1505.

Anos mais tarde, durante um serão de 1521, enquanto o pai do protestantismo estava a traduzir a Bíblia de latim para alemão, o Demônio apareceu-lhe e começou a escarnecer dele. Furioso, Lutero atirou o tinteiro contra ele. No Castelo de Wartburg, na Alemanha, mostram aos visitantes uma mancha de tinta na parede que, diz-se, é um vestígio da confrontação de Martinho Lutero com o Demônio.

Na verdade, não sabemos ao certo sobre a veracidade desta história, mas Lutero escreveu de facto sobre eventos paranormais. Em 1521, no Castelo de Wartburg, onde se escondeu depois de ter atacado o poder e a corrupção papal, Lutero descreveu o que aconteceu depois de lhe terem trazido um saco de avelãs. Quando já estava deitado, as avelãs começaram a saltar dentro do saco. A cama chocalhava, e as avelãs pareciam voar e bater nas vigas. Como não o magoavam, Lutero adormeceu. Mais tarde, foi acordado por um grande ribombar, como se uma centena de barris estivessem a rebolar pelas escadas. Contudo, a porta de ferro, em frente às escadas, estava fechada a cadeado e ninguém podia ter entrado. Posteriormente, quando Lutero já se tinha mudado para outra parte do castelo, uma mulher que dormiu no quarto que ele deixava vago também ouviu um tal fragor que pensou que 1000 demônios tinham invadido aquele lugar.

Bem. Aparições do Diabo, não é algo tão incomum assim como se pensa. Vários homens e mulheres já sofreram tormentos profundos ocasionados pela visão do "Tinhoso".

Lutero teve outros dois encontros com espíritos no Mosteiro de Wittenberg, onde era professor de Teologia, quando, em 1517, deu início à Reforma, pregando na porta da Igreja de Todos os Santos as suas 95 teses para debate público sobre a conduta da Igreja. «Interrompendo os meus estudos, o Demônio entrou na minha cela e começou a fazer barulho atrás do fogão, como se estivesse a arrastar algum volume de madeira pelo chão." Lutero dizia que noutra ocasião ouvira o Demônio por cima da cela, "mas, como eu sabia que era o Demônio, não lhe prestei atenção e fui dormir".

A Revista Super Interessante, trouxe em sua edição de 22 de Setembro de 2016 uma curiosidade do Mundo Estranho: 6 histórias de pessoas que tiveram contato com o Capeta. No mesmo ano, a Revista trouxe uma listagem de Músicos que, segundo eles, haviam feito aliança com Lúcifer, na tentativa de obter fama e sucesso em suas carreiras.

Confesso ser incrédulo em relação a tais fenômenos e aparições. Confesso mais ainda, o meu ceticismo em relação a existência do Demônio. Penso que em cada um de nós habita uma natureza maléfica que pode ser evocada tão logo haja uma determinada situação que a provoque e a desperte. Em cada um de nós habitará anjos e demônios prontos para a batalha do dia a dia.

Nenhum demônio terá existência própria. Ele precisa de um corpo e de uma mente para existir. E geralmente a mente cativa por tais "espíritos" é uma mente já fragilizada. Os demônios emergem das profundezas do nosso próprio ser. Do abismo mais profundo e das mais densas trevas da nossa existência. São estoques de raivas e rancores. São ciúmes acumulados, dores e amarguras resultantes de relacionamentos abusivos. São prisões e coercitividades daquilo que a sociedade não nos permite fazer e ser. São determinações da família que ferem o nosso querer. É a subjetividade-individualidade negada por apelo do grupo social a que pertencemos. É a propaganda do "ter" apelativo a morte do ser. Uma hora tais demônios tomam o corpo e se manifestam num banquete psicossomático. Gritos histéricos acompanhados de inquietudes mentais e corporais.

O demônio somos nós. Somos nós os nossos demônios. Repare na maneira como os demônios agem, exatamente como nós agimos.

Professor Moises

filoliveira
Enviado por filoliveira em 08/04/2020
Reeditado em 08/04/2020
Código do texto: T6910622
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