POE QUE A MULHER SANGRA?
POR QUE A MULHER SANGRA?
Por que todo mês a mulher sangra? Dádiva de fêmea? Herança de culpa? Ferida aberta desde as mais remotas lembranças sobre o corpo de Eva?
Desde lá fomos julgadas e condenadas a carregar sobre os ombros os pecados dos homens.
Nem mesmo Maria, a que pariu a Redenção, foi poupada. Também ela sangrou e chorou.
Fomos santas e serpentes. Bruxas e curandeiras, sem jamais os abandonar.
Estivemos em todas as guerras curando suas feridas e em todas as pragas, consolando os que estavam doentes.
Estivemos em todos os leitos, sobre lençóis de linho branco e sobre colchas de cetim vermelho, fomos rainhas de lares e de prostíbulos. Com ou sem prazer saciamos os desejos de todos os homens, maridos, amantes, pagantes e usurpadores.
Com dor parimos e com amor criamos a todos eles, por todos os tempos. E com que nos pagaram?
Fomos queimadas em fogueiras. Fomos traídas e tantas vezes abandonadas. Fomos subjugadas e guardadas para o prazer de apenas um ou de tantos outros. Fêmeas tantas vezes feridas, o que não lhes demos sorrindo, tomaram entre lagrimas.
Até quando, imoladas no altar? Quanto sangue derramaremos ainda até que possamos remir a eles, os homens de todos os pecados que cometeram contra nós mulheres?