EM TEMPOS DE PANDEMIA
Ysolda Cabral

Chove lá fora uma chuva boa e refrescante. Hoje é domingo e se não fosse pelo cantarolar da chuva o silêncio seria absoluto. Há um cheiro bom de terra molhada que não sei de onde vem, talvez dos jardins, dos vasos de plantas, ou seria daquela que vem sendo preparada para mais sepultamentos?...

O dia me parece tão tristonho e tão sozinho!  Nem a Poesia que vejo nas folhas da minha  Hortelã traz alegria. Contudo, há uma certa calma pairando no ar, creio que vem do Mar, que daqui não vejo, mas que me chega pela  suave e quase inaudível Voz do Vento. 

Ah, a Voz do Vento, como gosta de contar novidades e segredos que nem são seus!  - Queria tanto que ele me trouxesse notícias de cura dos quatro cantos do mundo! 

De repente o silêncio é quase que palpável. A chuva parou, o cheiro bom da terra molhada sumiu e o meu coração, de tum tum atrapalhado, diz que é hora de mandar a tristeza embora e festejar mais um dia na contagem do Tempo que ainda é meu. 

 
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Apenas Ysolda
Em 19.04.2020