VIAGEM Á VOLTA DA MINHA JANELA

VIAGEM Á VOLTA DA MINHA JANELA

Levanto,faço as coisas corriqueiras e subo para o escritório.Abro as janelas para a rua deserta no começo da manhã.De longe ,abençoando tudo e todos vejo a Igreja do Bomfim.Eu ,como boa baiana,o saúdo.Sinto-me uma privilegiada de um lado protegida pelo Senhor do Bomfim,do outro pela querida Irmã Dulce dos pobres que conheci e admirei desde muito.Acho que posso dizer que sou uma das poucas pessoas ,neste mundo que conheceram e foram amigas de santos.
Da minha janela reparo nas casas ainda fechadas, quase ninguém nas ruas - quem acordaria ás sete da matina num domingo? -Mas,o meu mês agora é todo de domingos ,daí confundo as coisas.
Minha filha que mora em Dias Dávila pergunta pelo zap se amanhã é São João.Respondo que não sei ,para mim o santo fogueteiro sempre foi no mês de Junho.Mas,estão adiando tudo,trocando tudo,antecipando tudo o vasto mundo do Raimundo do nosso Drummond não está sendo solução,apenas rima.Minha filha fico devendo a informação.
Mas,a pandemia,uma turista incidental que aqui chegou sem ser chamada,além do necessário isolamento social que já dura quase três meses nos trouxe ,também,a preocupação com a economia.Não a do posto Ypiranga ,mas, a nossa.Como estamos vivendo dias de extremos sequer podemos saber ase o nosso dinheirinho estará,sim,depositado nas nossas contas em tempo hábil.Nós ,os aposentados por merecimento estamos com medo de ,como se diz na Bahia,ficarmos de tanga e chapéu de gazeta,ou seja ,sem nada.
Pensando nisto o jeito mesmo é economizar.O que está ruim pode ficar pior.Com lojas fechadas não há onde se comprar,pelo menos para mim que não gosto de comprar on line.
Assim nos restringimos ao estritamente necessário água,luz,telefones, serviçais,serviços como internet e Netflix.Os jornais que assino e pago chegam todo dia,mas,a revista Veja que assino e pago ,não.Eles falam das dificuldades na entrega.Mas,então,como entregam nas bancas e nos supermercados?Acho que estou recebendo um “passa moleque” da Abril.Aliás,disso eles sempre entenderam muito bem.
Pessoas aflitas doidas para sair,passear,olhar o mar,ver gente,socializar perguntam ,inconformadas,por que os mercados e farmácias ,oficinas e postos de gasolina podem funcionar e as lojas não.Eles alegam que são serviços essenciais.
Mas,quando me olho no espelho e me vejo com um cabelo maltratado que não corto a três meses,minhas unhas tratadas em casa ,minhas pernas parecendo pernas de macaco e minha autoestima lá embaixo ,pergunto onde andará meu cabeleleiro de mais de dez anos,onde estarão todos?
Assistindo,ontem ,a uma entrevista do Atila Iamarino fiquei desesperançada.Ele disse que para o mundo voltar á normalidade – isto é -não á normalidade de ontem,mas,uma nova normalidade,serão necessários cinco anos.Isso se escaparmos do Covid-19 e não precisarmos enfrentar o Covid-20,21 ou 22.
Quando sair daqui vou rezar de novo a Oração para nos livrar da Peste” que publiquei anteontem no FB e os portugueses rezam desde tempos imemoriais.Vai que dá certo.
 
Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 24/05/2020
Reeditado em 09/08/2020
Código do texto: T6956847
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