Amnésia.

O vento e a chuva haviam derrubado flores roxas das àrvores, espalhando pelo ar um leve aroma de funeral.

Esperava alguma coisa, mas não lembrava exatamente o quê.

Resolveu refrescar a memória (?) no bar do estacionamento em frente. No balcão, a mesma tia de sempre.

- Hey Lou, veio cedo hoje. Belas olheiras. Tem cigarro?

- Claro Tia, pega aí. Disse colocando o maço sobre o balcão.

- Me faz uma dose. Algo bom pra cabeça, preciso lembrar de alguma coisa que não podia esquecer.

- Bom pra cabeça? Ok. Encheu um copo com uma daquelas bebidas afrodisíacas. Pôs no balcão.

- Rá rá rá. Muito engraçado, tia, seu senso de humor tá cada vez mais doentio. Virou a dose. Sacou um cigarro e acendeu. A tia lavava um copo na pia, sorriso sacana no rosto.

- Nada, Lou ?

Tragou fundo, franzindo o cenho, finjindo irritação. Rolava Doors no velho rádio.

- Tia, tá na hora de você parar de fumar aquelas malditas...NOSSA! Lembrei ! Tia, você é fóda! Ela riu. – Receita de família, Lou. NUNCA falha, rsrs. Ele abriu a carteira, Tia disse que era por conta. -“Questão de Saúde Pública”.

- Te amo, tia!. Até.

- Domani, Lou. Domani.

Saiu correndo, alguém o esperava ansiosamente, do outro lado da cidade.