CONSTELAÇÃO

Sonhei que era uma estrela. Brilhante que enfeitava o céu. Clareava a noite e piscava sempre. As crianças me procuravam no firmamento. Os adultos apontavam para mim entre tantas outras que me cercavam. Talvez porque eu fosse a mais sorridente delas.

Depois virei lua. Às vezes cheia. Bela, a tradicional lua dos namorados. Queriam a minha presença nas luaradas. E eu ficava ali escutando músicas lindas, juras de amor e conversas divertidas entre risos e sorrisos. Quando eu ficava fina me chamavam de quebrada. E eu me diversificava: quarto crescente, lua nova, quarto minguante.

Outro dia eu fui sol. Nascia muito cedo. Bronzeava os jovens na praia. Ajudava as donas de casa na secagem das roupas. Distribuía nutriente para os organismos. E também gostava de me por. Alguns aplaudiam a minha despedida e quantos me fotografam. Nunca briguei com as nuvens quando elas me escondiam. Ela estavam no seu papel de ir e vir. Éramos amigos.

Gostei de ser cometa. Movia-me em torno do sol. Quando me aproximava dele a minha cauda atingiu milhões de quilômetros de extensão. Todos queriam me ver porque cometa é coisa rara.

E eu fui asteroide, meteoro, planeta e fui nuvem também. Gostava de ficar no firmamento. Tudo era lindo, tudo era novo e eu estava bem nesse espaço sideral.

Acordei. Eu era gente. Estava na Terra. Na minha cama entre os lençóis macios. Abri a janela procurando o sol. Olhei as nuvens. Esperei anoitecer para ver as estrelas, a lua. E fiquei a meditar. Tudo tem o seu sentido, a sua razão de ser. Eu posso mesmo gente alegrar a vida, iluminar os dias de meus amigos, brilhar na vida de alguém, clarear mentes, surpreender pessoas como uma cometa.

Que sonho bom! Acordei mais sábia e mais disponível para a vida.

13.07.2020

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 14/07/2020
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