A janela da casa da frente.

Quando buscamos lembranças, há certos nomes dos quais não sabemos as primeiras lembranças.

Penso que, nasceram conosco.

O caceteiro Toninho Baixinho, ou canhãozinho era o apelido deste senhor, o qual foi vizinho frente à casa da minha infância. Vivia ele uma rotina, a qual não mudava mesmo. A rotina dele e de outros da nossa rua.

Antes das sete horas já partiam para a labuta diária.

Era comum ver a senhora Josefina a esposa do Senhor Toninho, abrir a janela e despedir-se dele. Horas depois, 11 horas e alguns minutos, ele retorna para o sagrado almoço.

O tempo era curto, pois antes das 12 horas, seguia novamente para o complemento da jornada.

E novamente a senhora esposa do senhor Toninho sempre se despedia dele, debruçada da janela de madeira.

Por volta das 17 horas e alguns minutos, a maioria e ele o senhor Toninho já estava em suas casas. Alguns de seus colegas de trabalho, pedreiros e caceteiros ficavam por alguns bares para prosas e as pingas tatuzinho, Pirassununga, às da época.

Sempre por volta das 18 horas o senhor Toninho sentava-se num dos três degraus de acesso a porta da sala de sua casa, a qual já era frente à rua. Ficava ele a ver seus filhos e outras crianças brincarem naquele desnível de rua.

Hoje pelas ruas de Aparecida piso em ruas de asfaltos, abaixo estão os paralelepípedos lapidados por ele. Seus filhos e netos nunca saberão que guardo essas e outras lembranças.

E até de gratidão. O senhor Toninho foi voluntário, época da tal ajutória, nome dado a operação de colaboração mútua para construir casas com amigos e vizinhos.

Mas uma certa manhã, quebrou-se a rotina deste senhor protagonista da nossa crônica. E de nossa rua também.

Foi uma das primeiras tristezas que vi, frente a casa que morávamos.

A janela, desta casa frente, não abriu-se naquela manhã e por muito e muito tempo...

Coube a este senhor ser o pai e mãe de seus filhos, a maioria crianças.

São as injustas cacetadas da vida...