Morada do amanhã

As verdades de uns são as mentiras de outros, quem pode nos garantir uma verdade universal, quão utópico não é crer na retilínearidade da vida humana, toda a ação direta pode causar conseqüências indiretas mesmo que seja apenas em sujeitos ocultos ou indeterminados.

Todas ações que agradam alguns momentaneamente podem magoar outros quase que eternamente, e as somas destes sofrimentos se aprisionam nos corações, esperando aqueles momentos de fraquezas, quando nas noites dos pensamentos humanos todo o frio e indiferença se acentuam.

Não devemos crer que o diferente nos faça mais belo, pois sempre que algo surpreendente ergue-se perante nossas incrédulas pupilas, somos os primeiros a crucificar o tal milagre com tamanha voracidade que acabamos nos equiparando aos mais fervorosos agnósticos de plantão.

Não adianta todos sentarmos ante uma televisão ou ficar observando um céu estrelado, aguardando o surgimento de mais um dia de princesa ou uma mensagem divina diretamente enviada aos seres humanos. O maior milagre é a capacidade humana de pensar, respirar, caminhar, enfim de realizar todos os milagres aos quais não damos o mínimo valor.

Mesmo aqueles momentos de maiores desamparos; devemos agradecer pelos dotes que nos restam, não devemos nos preocupar com a morada do amanhã, se no dia de hoje não acreditarmos na vida.

Diego Lapetina
Enviado por Diego Lapetina em 20/10/2007
Código do texto: T701998
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