Conversa no supermercado

Conversa no supermercado

Eram 7 horas da manhã quando saí de casa para ir ao supermercado comprar alguns ingredientes para o almoço especial que estava preparando. Depois de pegar o que queria me dirigi para a fila, que estava enorme. Todos estavam calados, cada um cuidando da sua vida. Puxei papo com a senhora que estava ao meu lado. Após falar amenidades ela desatou a falar mal de políticos. Eu me calei. Outras pessoas entraram na conversa, que ganhou os tons emocionais negativos tradicionais. A senhora falava, com rancor, que o Lula não havia estudado na vida. Outro, elogiando, respondeu que ele tinha uma pequena indústria que nunca teve acesso a linha de crédito do BNDES, até o PT ser governo e isto mudar para melhor. Um outro cortou falando que político é tudo ladrão, “é só vocês verem este Serra sanguessuga, o buraco do metrô nem aparece mais nos jornais, ele deve ter comprado o silêncio”. E a conversa foi aumentando em intensidade e em negatividade. Esta negatividade mobilizava mais participantes que falavam ao mesmo tempo... Eu calado, só observando e pensando: “será que se fosse para falar algo positivo ou algo construtivo as pessoas estariam tão envolvidas”?

As pessoas falavam com raiva e rancor, junto com uma “justa” indignação. Em dado momento um dos participantes virou para mim e falou: “e você, o que você acha dos políticos”? Eu respondi: “meu amigo, eu acabei de dar uma bela trepada com a minha esposa. Estou numa paz incrível. Você quer que eu troque minha paz por esta discussão onde só há coisas negativas? Me desculpe, mas prefiro cultivar este sentimento gostoso”.

Imagina só, eu, Chicão, trocar a sensação gostosa pós-orgasmo por um monte de sentimentos e pensamentos negativos? Jamais. Já faz tempo que saí desta. Hoje cultivo o que há de bom. Cultivar é perpetuar, é prestar atenção, é sentir. Te garanto que sentir a leveza corporal, o relaxamento muscular e a beleza pós-coito é muito melhor.

Infelizmente, a maior parte das pessoas concluiram que eu falei pornografia. Alguns se sentiram constrangidos, principalmente quando eu descrevi as belezas das sensações pós-orgasmo. Eu aprendi a ser verdadeiro. Eu aprendi que se as pessoas podem falar o negativo eu posso falar o positivo. Aprendi que o positivo é como uma faca cravada no peito de muitos hipócritas. Por isto, falar com cuidado e com poesia é fundamental.

Rapidamente a conversa voltou ao seu “alto” nível. Alguém falou que os vereadores deviam morrer... Eu voltei ao meu silêncio e agradeci a Deus por ter me tornado diferente deles. Continuei a cultivar as sensações benéficas do gozo bem feito. Eles seguiram em suas sagas de rancor e cultivo da negatividade.

Quando estava indo para o carro uma pessoa me chamou e disse que achou muito legal o que havia dito. Eu repeti que cada um é responsável pelo que cultiva em pensamentos, sentimentos e sensações. Fui embora sabendo que pelo menos um Escutou (com E maiúsculo) o que havia dito. O mais importante é que fui embora sem me contaminar pela forma de ser daquelas pessoas. Certamente, a trepada que dei ficou mais gostosa porque “durou mais tempo” e me trouxe paz de espírito para vivenciar o que há de bom e construtivo.

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