QUARENTENA

Bem, estamos numa quarentena inesperada!

Ninguém vai, ninguém vem!... Ninguém sai, ninguém entra!...

Principalmente eu, que sou velha... velha é um termo meio grosseiro! Melhor idosa, pois soa com mais suavidade. Mas isso não importa muito. O que realmente importa é a inesperada quarentena.

Por que estamos passando por situação tão calamitosa e devastadora?!... Quem causou todo esse rebuliço na sociedade?!... Deveria ser um monstro enorme, quase pré-histórico. Mas, não! O causador de tudo é, nada mais, nada menos que um microscópico bichinho de aparência estranha e, por incrível que pareça, nada assustadora!

Ele é o novo Coronavírus, causador da doença infecciosa chamada Covid-19.

Mas o que quero mesmo falar aqui é sobre minha posição neste momento tão crucial da humanidade.

Amo ficar quietinha em casa, ouvindo mais do que me fazendo ouvir; escrevendo; lendo; costurando; praticando Yoga... Enfim, fazendo um monte de coisas que eu considero bem legal. Mas o confinamento parece não acabar nunca, e eu já estou bastante entediada, mesmo fazendo o que gosto.

Preciso comprar meu alimento básico que se resume em verduras e frutas, mas não posso porque sou velha... ops... idosa.

Não posso receber visitas ou visitar alguém, porque sou... idosa.

Nossa, que preconceito!

Bem, gostaria de não assistir TV, não entrar nas redes sociais, coisas desse tipo, porque estão sempre dando nó em meu cérebro.

Não sei se acredito nesse ou naquele...

Mas a curiosidade humana é implacável e não consigo ficar fora da atualidade.

Até sonhar com esse bichinho eu já sonhei. Na verdade foi um pesadelo horrível que prefiro nem contar! Acordei assustadíssima! Valha-me Deus!

Aqui em casa a gente vai levando como pode. Minha filha Christine, que ama a cozinha, acabará engordando a família com suas guloseimas deliciosas; meu genro assistindo Faroeste na Netflix; meu neto Victor, que ama cantar e tocar violão, é o único que nos dá um pouco de alegria. E eu, que amo o silêncio, não o suporto mais!

“Quosque tandem abutere patientia nostra?!..." Pra quem não sabe, isto é latim e quer dizer: "Até quando abusarás da nossa paciência?!..." - Foi dito por Cícero. Mas não vem mais ao caso, porque ele disse isso muito antes de Cristo e por uma razão totalmente diferente da atual. Além do mais, naquela época não tiveram a desconfortável visita do famigerado Coronavírus. Portando, deixa para lá!

Bem, voltando ao que interessa na atual conjuntura, quero que saibam que eu vou continuar nesta quarentena, porque uns mandam respeitá-la, outros mandam voltar às atividades normais, e eu, já não sabendo a quem obedecer, resolvi me manter no isolamento social por uma questão de cuidados pessoais.

Afinal, sou do grupo de risco e prefiro não arriscar!

(Julieta Bossois) – 11.04.2020

Julieta Bossois
Enviado por Julieta Bossois em 13/08/2020
Reeditado em 17/08/2020
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