Ao deus-dará

Lendo um texto há poucos dias, deparei-me com um termo que estava esquecido no tempo – pelo menos por mim.

Quando eu era criança, muito ouvia dizer nas vezes que objetos ficavam em desordem ou obrigações por fazer, a expressão: deixou tudo “ao deus dará”.

Confesso que achava estranho, e me espanta ter demorado tanto pra fazer a leitura exata do que significava esse termo – por muito tempo foi apenas um bordão sem aplicação efetiva.

Pois bem, hoje, diante da importância que representa, seu significado me salta aos olhos.

É o viver na zona de conforto, como se diz hoje.

No nosso dia-a-dia, deparamo-nos, por vezes, com situações que nos desagradam e preferimos ficar quietos – deixamos ao deus-dará.

São coisas normalmente simples e que estão ao alcance de nossa interferência; outras que exigem algum trabalho maior e ainda dependem de outras pessoas – nada, porém, considerado difícil e muito menos impossível.

Se melhor olharmos esses entraves, que a primeira vista não nos atinge diretamente, veremos que suas soluções podem trazer melhor qualidade de vida ou mesmo de justiça a alguém.

Mesmo assim preferimos deixar ao deus-dará!

Algumas pessoas talvez prefiram tratar essa omissão como um ato de fé – “Deus sabe o que faz, e na hora certa vai agir para que tudo se acomode, conforme seus ensinamentos” - dirão.

É muito cômodo!

Quando nos deparamos com uma situação adversa àquilo que acreditamos por trazer prejuízo a outrem, temos duas opções: reagir de forma contrária ou aceitar.

Em caso de reagir, o que realmente importa é a intenção, ainda que o resultado não atinja o objetivo por completo

de acordo com a nossa consciência.

- Porém, se nos omitirmos, qual o mérito que teremos? Nenhum. Estaremos perdendo uma preciosa oportunidade de prestar um trabalho social, alem de evoluirmos na nossa caminhada espiritual.

Devemos entender que o direito ao uso do livre arbítrio é para que sejamos participativos, usando nossa inteligência e o conhecimento das Leis Naturais e Humanas. Essa pode ser uma prova na nossa existência terrena - razão de estarmos aqui.

Orai e vigiai!