Aniversário era dia de leitoa

Hoje é meu aniversario! (não é bem esta data, mas crônica é crônica)

Um dia que pode ser qualquer para a grande maioria das pessoas, mas para mim é muito especial. Afinal, nesta data, comemoro mais um aniversário.

Às vezes me pego pensando que estou ficando “menos jovem”. E é verdade mesmo! Já passei meio século da minha vida. Não que pretenda viver 100 anos, mas metade eu já passei!

Se formos considerar em relação aos meus antepassados estou conseguindo bom índice. Minha avó paterna morreu com 69 anos. E eu a achava velhinha! Meu pai está com 82 anos. É torço para que possa chegar aos 100 anos! Minha mãe está próxima ao meu pai, mas por favor não perguntem a idade dela. Fica furiosa!

Mas, deixando as divagações de lado, lembro-me dos meus aniversários quando criança. Era uma festa! Ou melhor era uma grande festa que começava na organização da festa. Entendeu? Então me deixa explicar.

Morávamos em Copacabana e todos os anos meu tio Luiz me dava uma leitoa. Abatida é verdade, mas era minha. Como era apaixonado por bichos, achava aquilo o máximo e fazia daquele fato uma grande festa.

Saíamos meu pai, eu e minha mãe. Íamos no velho, que na época era novo, fusquinha vermelho de meu pai. Era quase uma viagem de duas horas até chegarmos a Santíssimo, na zona oeste no Rio.

Lá chegando éramos recebidos pelos meus tios Luiz e Etel e depois de algum tempo voltávamos com a leitoa e eu feliz da vida.

Podia chover, fazer sol, ser dia de semana, ter prova no colégio, mas a véspera do meu aniversário era sagrado: o dia de buscar a leitoa.

O que a minha mãe e a Dó (dessa eu falo um dia) faziam com a leitoa eu não me lembro. Tentei, mas não lembrei, mas não me saí da memória a cena da leitoa abatida no chão do carro do meu pai, enrolada num saco plástico e eu passando as mãos na sua pele bem lisa.

Às vezes fico até me perguntando como conseguiam assar uma leitoa não grande naquele forno que tínhamos.

Esta descoberta, para um menino de 4 anos, era uma grande festa.

Uma festa que passado mais de 45 anos ainda está na minha memória. Pena que nem todos os personagens estejam presentes mais na minha vida, mas – graças a Deus, continuam vivos na minha história.

Tomara que nunca eu a esqueça!!!

Fernando de Barros
Enviado por Fernando de Barros em 22/10/2007
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