Onde param a dignidade e responsabilidade humanas?
Hoje, fazem-se montes de atropelos à dignidade humana; alguns deles bem graves, porque se nasce sem lições de cidadania e com fortes tendências arrivistas direcionadas a toda a gente o que inclui: familiares, amigos, conhecidos ou desconhecidos. Há uma busca constante pelo estatuto social elevado, e trepa-se por onde der jeito; uma verdadeira prova de alpinismo.
A sociedade está, infelizmente, a habituar-se a lidar com o crime e a morte, e, mais grave ainda, a praticá-lo e a matar, para atingir os seus mais obscuros e inconfessáveis objetivos. Cada vez mais nos habituamos a lidar com pessoas capazes de dar uma ideia de si mesmas que não inspira desconfiança. Por isso, a ancestral ideia de que se deve desconfiar dos mal-encarados e andrajosos está ultrapassada. Hoje, veste-se bem para enganar mais facilmente, esbanjam-se sorrisos e abadas de cultura e gestos imbuídos de autêntico altruísmo e, mesmo estes, sabem vestir mal quando convém e mostrar-se pouco artificiosos no domínio da língua; são, no entanto, exímios nos trejeitos condoídos e na invenção de maleitas.
Os dias que correm são difíceis, é certo, mas para muitas pessoas sempre foram. A estas, já, pouco as surpreende. Mesmo assim, esta pandemia abominável tem dado lições a “muito boa gente”, mesmo àqueles que não merecem, pois, a sua vivência é um contínuo suceder de provações e abstinências.
A Covid 19 permitiu pôr a descoberto não só a fragilidade de muitos e muitas, mas também, o aproveitamento que se engendra a partir de uma situação calamitosa, por parte de quem vive do negócio e consegue inventar lucros até na desgraça. Outra lição, talvez a mais dolorosa, é a que retiramos do comportamento das pessoas, perante uma pandemia gravíssima que faz oscilar o mundo: a falta de civismo em troca de umas saídas à noite, para beber um copo e/ou conviver em festas à margem do bom senso. Deduzimos que uma grande parte da sociedade não remedeia, sem beber uns shots, sem repartir abraços, e repenicar beijos… e, que de quando em vez, dão umas tossidelas e espirros, nos encontros com os “amigos”. Lavar as mãos, lava-se pouco, mesmo em alturas que requerem mais higiene. Consegue-se ir aos lavabos, e sair à socapa para não se ser apelidado de inconsciente ou javardo.
Os eventos públicos, sejam eles profanos, desportivos, religiosos, bem como as festas particulares, devem render muito, inclusive dinheiro sexo e drogas.
Esquece-se, que se o tal bichinho, (estou a falar da Covid 19) for convidado para estes sítios tão “IN” e “bem” frequentados e pegar de estaca…para muitos e muitas, não mais haverá o bem-bom almejado a toda a hora.
Só se vive uma vez, por isso é mester escolher as melhores atitudes a tomar, não só por nós, mas pelos nossos, pelo outro e mostrar, essencialmente, muito respeito pelos profissionais de saúde e por todos os agentes envolvidos na luta contra a morte.
Acham que ler um cartaz a dizer que “Vai ficar tudo bem” é suficiente?
Lucibei@poems
Lúcia Ribeiro
In “Muita Poesia e Pouca Prosa”
A sociedade está, infelizmente, a habituar-se a lidar com o crime e a morte, e, mais grave ainda, a praticá-lo e a matar, para atingir os seus mais obscuros e inconfessáveis objetivos. Cada vez mais nos habituamos a lidar com pessoas capazes de dar uma ideia de si mesmas que não inspira desconfiança. Por isso, a ancestral ideia de que se deve desconfiar dos mal-encarados e andrajosos está ultrapassada. Hoje, veste-se bem para enganar mais facilmente, esbanjam-se sorrisos e abadas de cultura e gestos imbuídos de autêntico altruísmo e, mesmo estes, sabem vestir mal quando convém e mostrar-se pouco artificiosos no domínio da língua; são, no entanto, exímios nos trejeitos condoídos e na invenção de maleitas.
Os dias que correm são difíceis, é certo, mas para muitas pessoas sempre foram. A estas, já, pouco as surpreende. Mesmo assim, esta pandemia abominável tem dado lições a “muito boa gente”, mesmo àqueles que não merecem, pois, a sua vivência é um contínuo suceder de provações e abstinências.
A Covid 19 permitiu pôr a descoberto não só a fragilidade de muitos e muitas, mas também, o aproveitamento que se engendra a partir de uma situação calamitosa, por parte de quem vive do negócio e consegue inventar lucros até na desgraça. Outra lição, talvez a mais dolorosa, é a que retiramos do comportamento das pessoas, perante uma pandemia gravíssima que faz oscilar o mundo: a falta de civismo em troca de umas saídas à noite, para beber um copo e/ou conviver em festas à margem do bom senso. Deduzimos que uma grande parte da sociedade não remedeia, sem beber uns shots, sem repartir abraços, e repenicar beijos… e, que de quando em vez, dão umas tossidelas e espirros, nos encontros com os “amigos”. Lavar as mãos, lava-se pouco, mesmo em alturas que requerem mais higiene. Consegue-se ir aos lavabos, e sair à socapa para não se ser apelidado de inconsciente ou javardo.
Os eventos públicos, sejam eles profanos, desportivos, religiosos, bem como as festas particulares, devem render muito, inclusive dinheiro sexo e drogas.
Esquece-se, que se o tal bichinho, (estou a falar da Covid 19) for convidado para estes sítios tão “IN” e “bem” frequentados e pegar de estaca…para muitos e muitas, não mais haverá o bem-bom almejado a toda a hora.
Só se vive uma vez, por isso é mester escolher as melhores atitudes a tomar, não só por nós, mas pelos nossos, pelo outro e mostrar, essencialmente, muito respeito pelos profissionais de saúde e por todos os agentes envolvidos na luta contra a morte.
Acham que ler um cartaz a dizer que “Vai ficar tudo bem” é suficiente?
Lucibei@poems
Lúcia Ribeiro
In “Muita Poesia e Pouca Prosa”