Como foi bom ter amado

Dias atrás reli alguns textos antigos, de forma especial aqueles do ano em que estive apaixonado. O ano em que me apaixonei proporcionou não um amontoado de páginas, e sim uma explosão de experiências que de fato podem ser escritas - e compreendidas através de outros textos e músicas. Ter amado me permitiu sentir a vida e compreender os outros.

É que eu pareço não ter vivido durante 40 anos da minha vida. Tudo o que aconteceu até lá foi uma sequência de não-acontecimentos que me protegeram, aliás. Fosse eu um jovem a experimentar o vulcão de uma paixão como esta, talvez teria feito o resto tudo errado na vida, tamanho foi o estrago em minha vida a relação com esta mulher…

Ah… e que mulher!

No fundo a mulher de minha vida. Ela era tudo... cuidado, carinho, afeto, amante, puta... experimentei a vontade de cuidar e de matar.

Tudo de bom foi maravilhoso, jamais provado antes.

Tudo de ruim destruiu e balançou as parcas estruturas existentes.

Dos textos que escrevi uma frase me marcou. Acho que nunca vou esquecer.

Quer dizer algo do tipo: “um amor improvável que no fundo da alma podia ser ouvido: eu sabia que este dia chegaria!”.

Eu sabia que um dia amaria assim. Não é possível passar uma vida sem poder ter amado desse jeito, mesmo que tenha dado tudo errado.

E lá se vão quase um ano sem sentir aqueles lábios, o cheiro e a leveza de seu jeito. Mas as coisas continuam como aquele dia frio de maio.

Como foi bom ter amado.