O amor em tempos de pandemia

O amor nos tempos da pandemia

Eis que diante de uma doença universal, com o pânico instaurado na humanidade,  ainda se percebe o amor entre duas criaturas!!! O amor que foi surgindo de forma brusca, intensa e, ao mesmo tempo,  forma lenta e temerosa.

Uma fala aqui, um olhar lá,  um riso percebido acolá!!!

Dia a dia, a aproximação cresceu, o medo do contágio e da exposição foram superados por uma vontade de estar juntos, que se fortaleceu dentro de poucos semanas.

A pandemia exige distanciamento social, uso de máscaras e uma constante assepsia das mãos. Ela também exige que não se toque em si mesmo, nos olhos, boca e rosto. É através do contato que ela contagia.

E o amor, ele resistirá a tantas restrições?

Devagar, o distanciamento caiu, assim como as máscaras foram jogadas ao vento... O toque fez-se necessário diante da necessidade da troca de carinhos!

Como resistir à tamanha atração? Será que existirá outra vez na vida uma oportunidade assim?

Com a certeza mais exposta de nossa finitude, diante da impotência frente a uma doença desconhecida ou sem precedentes, o viver aqui e agora é tão urgente, que não sabemos se o deixar para depois se concretizará algum dia... 

Diante disso, quando encontramos alguém que mexe com nossas emoções, que consegue revolver sentimentos novos ou esquecidos, a vontade que se tem é se entregar.... Entregar-se, sem reservas, sem controle, sem regras....

Entregar-se, pedindo a Deus que se encarregue da condução para o Bom caminho! Entregar-se, com a incerteza de haver um amanhã, um depois, e também sem saber se será sim, não ou talvez! Mas também há um receio; receio de se machucar emocionalmente,  de se decepcionar e de não ter reciprocidade por parte do outro!

Nesses tempos difíceis,  a exposição foi reduzida, não só de contatos uns com os outros,  mas também,  a exposição dos nossos sentimentos... Estamos nos guardando para os mais próximos, para os "nossos"! Estamos tentando nos proteger dentro de uma redoma (imaginária diria, pois esse vírus não a visualiza)...Só Deus Onipotente e Onipresente, pode nos guardar e proteger!!!

É bem ambíguo quando sabemos que estamos expostos o tempo todo, e queremos nos proteger também, com uma esperança infinita de sermos resistentes e quem sabe até, inalcançáveis dessa doença que assola o mundo!

Percebemos nestes tempos difíceis que não precisamos expor tanto as nossas vidas, seja nas mídias sociais ou gritar aos quatro cantos do mundo que estamos felizes ou infelizes... Podemos ser felizes e compartilhamos isso com poucas pessoas. Podemos e precisamos diminuir nossos contatos e encontros, sem deixar de lado os nossos relacionamentos....

O amor nos tempos da pandemia,  sofre o tempo todo de provas de resistência... Resistência da paciência, da exposição intensa (pois não queremos mais ser superficiais), do conhecimento e descobrimento das qualidades e defeitos em tempo recorde, da incapacidade de lidar com as frustrações,  do não querer esperar o amanhã, pois agora mais que nunca não sabemos se haverá amanhã....

Se antes da pandemia, a nova geração já era imediatista, com a pandemia ficamos também intolerantes... Intolerantes com o não, com o esperar, com o pedido de um prazo para se fazer algo ou encontrar alguém!

A intensidade de tudo é uma realidade exacerbada que nos impulsiona e nos consome!

Ainda que os tempos pareçam difíceis e pesados, é preciso ter esperança em milagres! Milagres de cura, milagres de amor!