De mansinho (BVIW)

O balançar da rede na varanda da casa de praia faz o tempo de certa forma passar devagar, faz-me lembrar das camisas brancas e lençóis azuis secando, num bailar sem pressa no varal... O mover da rede e de suas franjas num ritmo só delas deixa o fim de tarde que se aproxima curioso, a espiar a cena.

Enquanto houver sol algumas sombras passearão de mãos dadas, outras, as dos gerânios cor - de - rosa deixarão as imagens aumentadas de suas pétalas no vaso e na calçada. E assim, a presença do astro rei a tudo deixa mais bonito, pincelando com seus ‘dedos de luz’ as folhas do pé de café e da roseira.

Enquanto houver sol os Relógios de Dalí continuam derretendo nas telas e na vida... e aqui em Curitiba, na Praça Tiradentes, o Relógio de Sol (desde 1857) continuará marcando as sombreadas horas.

“É talvez o último dia da minha vida. Saudei o Sol, levantando a mão direita, mas não o saudei, dizendo-lhe adeus, fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.” Fernando Pessoa