Muito sensível

Lembro detalhes quando trabalhava como repórter fotográfico, e normalmente explicava, que fotografava os casos de acidente, acidente com morte, “corpos” entre outros destes detalhes, fazia bem profissionalmente e nem olhava os assuntos.

Não esqueço que ainda tenho uma foto inédita também para mim. Houve um acidente com morte, onde um ferro atravessou a cabeça da vítima fatal. Fiz foto, no negativo vi algo diferente, na época nem lembrava que tinha fotografado, até por não ter visto o fato, solicitei para imprimir no papel fotográfico.

Estava escuro, apenas o negativo registrou com o flash. Mas o incrível que até hoje, mais de duas décadas depois ainda não vi esta fotografia que está em meu poder.

Tenho uma pastinha preta com algumas fotos que produzi para os Bombeiros e a Polícia Rodoviária Estadual apresentarem em suas palestras de combate aos acidentes de trânsito que “escorre sangue”.

Muitas dessas fotografias mal passei o olho e não faço nenhuma questão de mostrar a ninguém, são instrutivas, para mostrar a possibilidade de óbito se houver alguns descuidos como embriaguez, não utilizar o cinto e alta velocidade.

Quero justificar com isso que não fazia isso por sensacionalismo e tinha, como ainda tenho, muita sensibilidade para muitas coisas. Mesmo em filmes ou até desenhos me arrepio ao assistir possibilidades de sangue.

Dito isso, outra grande questão me rodeia: os hospícios, manicômios, sanatório me dão muitos sentimentos. Só em saber que tantas pessoas ainda permanecem semanas, meses anos, como são os casos de Comunidades Terapêuticas - CTs, onde não se é tratado em liberdade, isso me sensibiliza.

Onde o ou a cidadã perde todos direitos de ter uma vida dito “normal”, tendo doses cavalares de remédios, com contenções mecânicas(amarrados) muitas vezes de forma desumana, outras até nus, e amarrados com correntes.

Essas coisas ainda hoje ocorrem, muitas denúncias aparecem, outras não. Mas não aparecem por familiares terem receios de perseguições e até mesmo o medo de morte em pessoas envolvidas.

É sério mesmo, não é ficção, ocorre mais perto de nós que imaginamos. Por isso: se souber de casos dessas naturezas denuncie ao Ministério Público e aos órgãos de apoio aos usuários de serviços em geral.