Mia

Boa tarde meus 23 fiéis leitores e demais 36 que de quando em vez vem aqui nesse meu galinheiro literário colher crônicas brancas e saem com pés sujos de titica de poesia bacamartiana. Para fazer uma boa poemada, tem de se quebrar as letras, ora. E depois enterrar as sobras, como os bichanos fazem.

Ah, o Mia Couto pegou covid-19 e se curou. Tuzes sabem quem é o Mia Couto, né? Então não perderei tempo com apresentações desnecessárias. Nada como falar com gente culta num site de literatura onde todo mundo conhece os literatos de língua portuguesa. Entretanto, tem uma coisa sobre o Mia que não sei se tuzes sabem ou não, mas que eu não sabia. "Tu sabia que eu não sabia que tu sabia que o nome do Mia não é Mia?" Pois é, Mia não é nome, é apelido. Por causa dos gatos. Ele gostava muito de gatos e chamava seus cabeçóides de gatóides de mia quando criança, então os pais colocaram esse apelido nele. O nome é Antônio Emílio. Com esse nome, Antônio, claro que tinha de ser bom mesmo.

Pois foi a Louise que me disse isso, acreditam? Imagina, a Louise, que não é muito chegada nas letras, me dando aula? É o fim do mundo! É que ela leu Palavras Abensonhadas e gostou. Ficou fã. Viu a má e a boa notícia no celular e me contou que ele estava doente, mas que já se recuperou. Ai eu cai na besteira de dizer: "Também, com esse nome, Mia, deve ter sete vidas". "Mas Mia não é nome, Tunico, é apelido dele". Tá, paguei esse vale para a Louise, agora ela já sabe que eu não sou tudo isso que faço parecer. Vou ter de conviver com isso para o resto de minha vida, mas vou ficar mais ligado daqui para diante. Vivendo e sempre aprendendo.

Fui fritar ovos e passar café, que é o que sempre faço quando pago um vale desses. Tem gente que bebe, tem gente que chora, eu passo café e frito ovos para amainar o orgulho literário ferido e a vaidade arranhada por minha gata brasileira sub letrada. É como levar um balãozinho do goleiro frangueiro do time adversário: muita humilhação.

Sou bom em passar café e fritar ovos. Cronistas são bons nisso. Poetisas fazem chá com bolinho de laranja e poetas bebem vinho com croissant. Escrever crônica é como bater gemada, escrever poema é como fazer bolinho de laranja. Não nasci para a poesia, por isso sou cronista, gato vadio em cima do telhado da casa, quebrando ovo no galinheiro ao ir caçar os pintinhos indefesos. Um cronista é um ser sujo, cruel e primitivo, já poetas e poetisas são como os elfos de O Senhor dos Anéis - nós somos os anões. O Mia, na verdade, é um poeta indisfarçado.

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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.

Mais textos em:

http://charkycity.blogspot.com

(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina

Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".)

Carta aberta aos meus 23 leitores: https://www.recantodasletras.com.br/cartas/3403862

503/20=25,15

Antônio Bacamarte
Enviado por Antônio Bacamarte em 29/01/2021
Reeditado em 30/01/2021
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