ENTRE PLACEBOS E COBAIAS
Nos últimos meses muitas palavras passaram a fazer parte de nosso vocabulário, pelo dito frequentemente, mas mesmo assim muitas pessoas não entendem o real significado, ou fazem o uso para o que melhor lhes convém.
Outro dia a moça lendo que nas fases de testagem era administrado placebo para parte dos voluntários, enquanto outra parte recebia a vacina, ela horrorizou-se e saiu dizendo que era um crime as pessoas receberem placebo e nem mesmo saberem disto. Ora, tentei explicar e ela estava inflexível e dizia ser preferível outras alternativas.
Na semana passada a mesma moça referiu-se às pessoas que estavam sendo vacinadas, como se fossem cobaias.
Novamente ela teve dificuldade em entender que os humanos que foram voluntários (como cobaias), fizeram parte do desenvolvimento da vacina, nas primeiras fases. Agora vencidas as fases de testagem, em princípio, se ocorrerem efeitos indesejados, em tese não serão fatais, pois já foram avaliadas nas fases anteriores.
Dos casos ditos como fatais, da vacina, de maior repercussão na realidade foi um equivoco do Presidente, pois o voluntário havia cometido o suicídio.
Não gosto da palavra cobaia, porque me faz lembrar os experimentos que os nazistas faziam com os prisioneiros. Mas enfim a palavra está ai e as atitudes também.
A ética é outra palavra, igualmente piscante nos dias de hoje, também quando convém, mas talvez uma das palavras mais importantes nas pesquisas e estudos médicos. Ainda bem que ai, todos se munem dos protocolos de pesquisa e desenvolvimento, ao contrário do mundo dos leigos, onde as pessoas toma um chá e a despeito da melhor condição de seu corpo, já saem idolatrando tal chá, sem qualquer experimento e comprovação cientifica.
Como os leigos não são do ramo, se for fatal repercutirá em nada frente aos que devem se cercar de todos os preceitos das pesquisas.
Assim e agora afeto aos leigos e especialistas, qualquer uso diferente do preconizado deve voltar para o inicio da fila, ou seja, cumprir todas as etapas, entre a prancheta, cobaias, voluntários e placebos, sob pena dos resultados serem fatais.
As intuições também fazem parte das pesquisas mas lá no laboratório!
O desespero não pode sobrepujar a ética!