Sofremos com nossos animais

Apenas quem ama animais sabe como sofremos quando nossos animais de estimação adoecem. Sentimo-nos impotentes ao vê-los doentes ou sofrendo as inevitáveis consequências do envelhecimento. Passei por isso ano passado quando Lilica, nossa gata que viveu conosco por dezoito anos, começou a passar mal, vomitar e gemer. Foi horrível assistir ao seu sofrimento e me sentir tão impotente. Quando a levei ao veterinário, eu já estava preparada para o pior, principalmente por causa da idade dela e, quando a internei, sabia que ela poderia não voltar para casa viva, o que de fato aconteceu. Ao receber a notícia de sua morte, eu naturalmente senti muito, mas, de certa forma, foi um alívio saber que o sofrimento dela havia acabado e que eu não tinha precisado mandar sacrificá-la.

Este ano, comecei a ter outra preocupação com meu coelho de estimação ao notar que alguns pelos estavam faltando na sua garganta. Decidi leva-lo ao veterinário por suspeitar de uma dermatite e passei por um terrível stress tanto para encontrar uma clínica veterinária que atendesse coelhos quanto para transportá-lo. Coelhos são muito medrosos e podem inclusive morrer de parada cardíaca por causa do stress. A veterinária que o atendeu disse que o problema se devia ao excesso de salivação por causa do crescimento dos dentes e isso me causou bastante angústia, pois eu sempre fui bastante cuidadosa com a alimentação dele e fiz questão de dizê-lo à veterinária, que me tranquilizou dizendo que nem sempre podemos evitar que essas coisas aconteçam. Ela passou um remédio e um antisséptico para aplicar por uns dias e, nestes dias, conversei com um senhor que mora perto da minha casa e que criava três cachorros São Bernardo*, dos quais hoje só uma fêmea está viva.

Esse senhor me contou o stress que passou com um dos cachorros dele, que precisou fazer uma lobotomia para extrair um olho, tinha crises epilépticas e que, na derradeira vez em que o levaram ao veterinário, haviam sido necessários quatro homens para levantar o animal e coloca-lo na carroceria de uma caminhonete. Eu revelei a ele que Lilica, no último ano de sua vida, estava cega e ele me contou que o cão, além de ter extraído o olho, tinha ficado com apenas 5% da visão do olho remanescente.

Depois dos dias dando remédio ao coelho, notei que a dermatite não melhorava e tentei, desesperada, falar com a médica, que infelizmente havia ido para outra cidade sem previsão de volta. Felizmente, acabei descobrindo outra clínica, para a qual levei meu coelho. Lá, contaram-me que o problema se devia a estafilococos e que, como os dentes não haviam crescido tanto, não era necessário serrá-los. Foram bastante atenciosos, deram uma injeção e me recomendaram uma pomada. Contente com a forma gentil como trataram a mim e ao coelho, voltei para casa, esperançosa de que dessa vez o tratamento desse certo.

Agora, estou notando uma melhora na área da garganta do coelho, que parece menos irritada. Espero sinceramente que ele logo fique bom. Sofremos muito com as doenças dos nossos animais. Diferentemente dos seres humanos, eles não sabem para que estão sendo levados às clínicas nem podemos lhes explicar para que temos de lhes dar remédios ou injeções. E uma das piores sensações que nos acometem, como contei ao dono do São Bernardo, é saber que, nas piores horas, todo o nosso amor não é capaz de diminuir a dor ou desconforto dos nossos queridos animais.

• Um São Bernardo é um cachorro de grande porte e pode alcançar noventa quilos