RECORDAÇÕES COM MEU VELHO PAI

Meu pai era um madrugador. Costumava levantar-se muito cedo. Às cinco horas da manhã já se ouvia o barulho dos preparativos do café na cozinha.

Deve ser coisa de genética. Eu também tenho o mesmo costume. Não consigo permanecer na cama até mais tarde. No entanto, nos finais de semana eu faço um esforço e permaneço um pouco mais deitado.

Depois que casei meu pai visitava-me aos finais de semana. Sábado ou domingo a campainha soava e ao atender já sabia quem era. Lá estava meu pai ansioso no portão.

Certa vez lhe fiz um pedido. Eu havia tido uma semana pesada e com preocupações, dormido pouco e me sentia cansado. “Pai, neste final de semana eu quero descansar um pouco mais. Se você vier me visitar venha depois das oito horas da manhã”.

Sexta à noite fui para a cama pensando em recuperar as horas de sono. Dormi bem, tive bons sonhos. Acordei com a campainha estridente gritando para que eu atendesse o portão.

Levantei-me rapidamente, corri até a janela e abri a cortina para ver quem era.

Lá estava meu velho pai no portão. Olhei no relógio e constatei que era exatamente OITO HORAS E UM MINUTO. Aliás, pontualidade foi outra coisa que herdei dele.

O que eu não daria hoje para poder atendê-lo no portão, mesmo que de madrugada.

CLEOMAR GASPAR
Enviado por CLEOMAR GASPAR em 14/05/2021
Reeditado em 14/05/2021
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