___________Jardim de Papel

 
Se de grão em grão a galinha enche o papo e de tostão em tostão se junta um milhão, é de flor em flor que se faz um jardim. Se for um belo jardim então, nem se fala! Coisa boa é poder olhar o manto bonito do gramado a acolher as mais variadas flores e a legião dos passarinhos e insetos visitantes.

 Meu primeiro jardim, por incrível que pareça, foi de papel! Lá nos primeiros anos da escola, a professora lançou um concurso, cujo tema era Primavera — afinal, setembro se abria em cores e perfumes com a chegada da rainha das estações. Plagiando certa marca de sabão, me deu branco total! Nunca fui boa em desenho, e na turma sobravam  ferinhas na arte do traço e cor. Que chances eu tinha? Os colegas capricharam, querendo faturar o prêmio! Eu, modestamente, fiz uns rabiscos, colorindo-os com os parcos recursos da minha modesta caixa de lápis de cor.

Resultados apurados, a surpresa! Venci! A professora disse que minha obra era a que mais bem representava a primavera pela variedade de formas desenhadas e a diversidade de cores usadas: meu desenho era um verdadeiro jardim! E a felicidade? Ah, esta não cabia no meu peito diante da carinha perplexa dos coleguinhas artistas. Foi assim, bem assim, que aquele branco, mais branco impossível, coloriu minha autoestima com cara de primavera.


Tema da Semana: Deu Branco? Bota Cor!