DIA DOS PAIS (VELHO, MEU QUERIDO VELHO!)

Hoje é dia sete de agosto de dois mil e vinte e um, véspera do dia dos pais. Faz seis meses que o meu velho pai nos deixou, e será o primeiro dia dos pais que eu passarei sem a presença em vida do meu pai, José Edson Cordeiro Lins!

Sinto-me triste e saudoso. A imagem dele é muito forte em minha mente. As lembranças fazem as lágrimas inundarem os meus olhos. Pessoas na rua, no supermercado, desejando um feliz dia dos pais, me levam à saudade e à tristeza!

Pela manhã a Seleção Brasileira Olímpica de Futebol sagrou-se bicampeã olímpica, em Tóquio! Se meu pai estivesse aqui entre nós, com toda a certeza teria assistido o jogo e vibrado como sempre fazia, e depois, iria querer tomar uma cerveja ou uma dose de whisky, para comemorar o título! Obviamente eu só o deixaria tomar uma cerveja sem álcool, devido à sua condição de saúde, e assim mesmo, ele tomaria a cerveja, ergueria a taça e estalaria a língua, se deliciando com a bebida ofertada.

São sentimentos que eu só vim conhecer recentemente, no dia das mães, quando também passei o primeiro dia das mães sem a presença corpórea da minha querida mãe, Benedita Idalva Cavalcante Lins, que nos deixou exatamente no dia das mães do ano passado, dois mil e vinte, vítima da famigerada COVID!

Foi isso o que aconteceu comigo; em oito meses me vi órfão de mãe e pai! Porém, agradeço a Deus pela oportunidade de ter convivido com eles por quase sessenta anos. Muitas pessoas não têm esta dádiva!

Lembro-me de uma situação que acontecia comigo quando eu era ainda bem jovem, quando ia jogar futebol em um campinho na casa de um tio do Felipe, meu cunhado. Após os nossos bate-bolas nos reuníamos para tomar umas cervejas e jogar conversa fora. Nesses momentos sempre colocávamos músicas, e lá pelas tantas, quando já estávamos meio “altos”, vinham as músicas cavernosas, das antigas, e uma delas fazia o nosso amigo Chicão, que era bem mais velho que a maioria dos presentes, chorar copiosamente, pois, aquela música o fazia lembrar do seu velho e querido pai, falecido há anos! Era aquela canção eternizada na bela voz de Altemar Dutra, “Meu Velho”, que dizia ; “É um bom tipo, o meu velho, que anda só e carregando, a sua tristeza infinita, de tanto seguir andando...”.

Nós, por sermos mais novos e por termos nossos pais ainda vivos, não conseguíamos mensurar a dor, nem compreender o choro copioso do nosso amigo Chicão! Ele chorava, enquanto enchia um copo de cerveja, depois, derramava propositadamente um pouco no chão, como que ofertando ao seu velho pai, e depois bebia de uma só vez todo o conteúdo restante no copo!

Infelizmente hoje eu compreendo o sentimento do nosso amigo! Não tenho mais o meu velho pai ao meu lado!

O que me vale e me conforta é que eu consegui me dedicar, nos últimos oito anos das vidas dos meus queridos pais, a cuidar e confortar a ambos, dando e recebendo muito carinho e amor. Nesse tempo de uma convivência diária e de uma dedicação quase exclusiva, aprendemos a aparar as arestas das nossas diferenças, aprendemos a nos respeitar e admirar mutuamente, a exercitar a paciência, a humildade, a resignação, a empatia, e acima de tudo, aprendemos a exercitar o perdão e a gratidão!

Hoje a saudade é enorme e permanente! Rogo a Deus que eles estejam bem, no plano espiritual, e que um dia nos reencontremos e nos abracemos para matar essa saudade!

Alberto Jorge Cavalcante Lins.