O Papel do Maçom no Desenvolvimento Social.
     
     
Consequentemente à pandemia, este último ano foi de apreensão, tanto no que se refere ao expediente de nossa Ordem como ao do mundo profano, acredito que o substantivo “mundo” alcançou seu significado pleno neste período. Foi um ano palavroso, ilógico em meio a um mar revolto por antagonismos, foi o ano da oficialização do fracionamento e do isolamento, como deixou escrito Vinicius de Moraes em seu soneto “separação”:

“... Fez-se do amigo próximo, o distante.
                             Fez-se da vida uma aventura errante.
                                                    De repente, não mais que de repente”.

     A Revolução Francesa, a qual a Maçonaria se fez presente, marcou o inicio da contemporaneidade, muitos historiadores dizem que essa era terminou com a queda do “Muro de Berlim” e como resultado, o fim da URSS-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Diria que perdurou até os dias atuais e por agora estamos a transpor essa barreira imaginaria, uma nova era ainda não nominada. Poderíamos dar-lhe o nome de “a última fronteira”, fazendo arremedo ao seriado de TV, “Jornada nas Estrelas”, pois, estamos a entrar a era da alta tecnologia, da hiperconectividade, a bem da verdade, nunca antes na história da humanidade, tanta informação e conhecimento estiveram disponíveis e ao alcance de muitos, as possibilidades passam a ser imensuráveis. Mas o que isto tem a ver com a participação dos maçons na sociedade, poderia algum Ir.’. indagar. Transformação, responderia, pois, em épocas de mudanças, o “mundo” sofre alterações, e podemos aproveitá-las para aumentar nossa atuação, espontânea e harmoniosamente no desenvolvimento social da coletividade, este seria um dos papéis do Maçom na nova era que se inicia e sua ajuda no desenvolvimento social de nosso país.

     “Social” é um adjetivo de dois gêneros, tal como escrito acima e acrescido do substantivo “desenvolvimento”, em meu entendimento, pode-se dar o viés de equidade, ou seja, poderia ser aproveitado para uma reorientação, a do aprimoramento da consciência maçônica, no que se refere aos direitos e garantias coletivas. Não podemos desprezar as desigualdades sociais cruéis e há muito incrustadas na sociedade brasileira, mas, através de nossa atuação, poderemos sim, pautar as eventualidades dispares, além de aplainar, mesmo que minimamente, as condições às vistas, e isto não é um mimo é simplesmente um redirecionamento, o de buscar a igualdade, como determina as constituições, a nossa e a do país. Pois, como bem diz o artigo 6º em seu capítulo dos direitos sociais, “são direitos: a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”. Muitos confundem o “social” deste contexto, com o “social” que transforma uma sociedade na incorporação da produção e dos bens particulares à coletividade, esse é uma doutrina política e econômica, que não vem ao caso.

     Neste mesmo programa cultural, no tema, “Maçonaria e Política - Uma Visão Crítica”, escrevi em minha prancha que a conjunção, desigualdade social e estabilidade econômica, obviamente por serem dissonantes, não alicerçam o país, não há estabilidade onde há desigualdade, o que fere as pretensões da evolução. Não há como embrenhar no desenvolvimento social, sem antes fazermos uma autocritica. Em meu raciocínio, uma ação simples, mas baseada nas doutrinas filosóficas ascendentes de nossa Ordem, o legado que nos posiciona na atualidade, nos definindo como construtores sociais, embora pouco cumprido, apesar das carências, pois, nosso país ainda necessita de sociabilidade humana, no sentido amplo do significado. Em nossos portais nas redes sociais informa-se que temos por base uma filosofia humanista, direcionada ao crescimento do ser humano, simultaneamente alguns Maçons não alcançam o necessário entendimento para esse significado, boa parte não tem o hábito da leitura e a consequência é que o conhecimento é deixado ao largo, passando-se a crer no “disse-me-disse”, e os interlocutores são levados a acreditar no que lhes dizem, acentuando “o dito pelo não dito”.

     Nosso Ir.’. José Filardo, em sua crônica, “Maçonaria Conservadora vs. Maçonaria Progressista” afirma: “se testemunha demonstrações, incompreensíveis de Maçons, fora do ideário teórico constitucional. Maçons se manifestando contra a ordem legal do país e seus ideais republicanos. Já estamos fora da discussão política em Loja, o que limita o aperfeiçoamento intelectual e político, ficamos, pois, restritos à pratica ritualística, não há como influenciarmos acontecimentos internos, assim como influenciar os relativos à sociedade, o resultado é alguma inércia, a paralisia, a frustação das expectativas e o encolhimento de nossa instituição, as colunas se fragilizam, o progressismo maçônico de ontem evidencia-se inócuo hoje”.

     Não temos certeza de como e quando será nosso retorno no pós-pandemia, mas, certamente, não poderemos mais nos reunir e simplesmente, como dito anteriormente, “passar o ritual”, há de ser mais, é necessário empreendermos em nosso legado, pois, um dos propósitos de nos reunirmos é o de promover o bem-estar da humanidade, não é? De certo, a evolução e o entendimento deste princípio, nos distanciarão de omissões, erros e defeitos, por conseguinte, e de forma natural, o crescimento social emergirá sobremaneira, seu aprendizado poderá, enfim, ser levado para fora de nossos Templos. Se aspiramos um Brasil igualitário, podemos iniciar pela educação, é do conhecimento que advém a oportunidade, temos pessoal qualificado, podemos, inicialmente, promover seminários, palestras, cursos breves, entre outras interações, abertos à sociedade, através desta nova era e sua conectividade hiperveloz.

     O alcance da equidade social, converte-se em uma absoluta cidadania, um fundamento próprio das grandes sociedades mundo afora. Essa evolução natural, aliada às determinações constituídas, nos invoca às responsabilidades como agentes sociais. A Maçonaria tem importância fundamental nesta orientação e através da participação das ordens DeMoley e das Filhas de Jó, poderíamos adicionar mais ajuda ao propósito, levando essa intenção à juventude, instruindo-os para que repassem a outros jovens o entendimento sobre os normativos, fazendo-os conhecer seus direitos e deveres. Há um “meme” na internet, próprio ao nosso tema, (“meme” é um termo muito utilizado e divulgado nas redes sociais), neste caso, em um suposto dialogo, um aluno pergunta ao seu mestre: “diga-me senhor, em que área eu poderia fazer uma grande carreira? Mestre: seja um bom ser humano, há muitas oportunidades nessa área e muito pouca concorrência”. Iniciei esta prancha fazendo menção a um soneto, finalizo no mesmo direcionamento, rogando ao GADU, através dos versos de Alceu Valença, “Tomara”:

"Tomara meu Deus, tomara
Que tudo que nos separa
Não frutifique, não valha
Tomara, meu Deus..."
JLeal
Enviado por JLeal em 31/08/2021
Código do texto: T7332674
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