PATOS DE MINAS, SUA LINDA

Fechada a agência do IBGE em Bom Sucesso, meu pai pôde escolher entre algumas cidades para onde se transferir. Sem conhecer Patos, apesar de mais distante que as demais, se justificou dizendo, "é a Terra Nacional do Milho e lá tem Faculdade". Significava que não era todo lugar, do mesmo porte, que contava com esses privilégios, em 1972.

No dia da mudança, o caminhão saiu na frente com os pertences e nós, a família de oito pessoas, depois, numa kombi, conduzidos pelo primo, Dirceu, morador de Bom Sucesso, sem conhecer ou ter visitado a cidade, sem uma casa para onde desembarcar. Loucura? Nem tanto, os tempos eram outros!

Chegando, papai conseguiu alugar uma casa antiga, na confiança, perto da Chevrolet, na Major Gote. Moramos pouco tempo, até nos transferirmos para a Alfredo Borges. Com parte do dinheiro da casa, vendida na terra natal, minha mãe comprou da Lenir um ponto de salão, no Alvorada, estabelecimento do mesmo nome, onde se estabeleceria até o fim.

O Dr. Dácio, Prefeito à época, conseguiu para mim (recém formada) e para minha irmã, uma vaga nas escolas rurais do Barreiro (Curraleiro) e Major Porto, respectivamente. Lecionei por um ano no lugar e fiz amigos inesquecíveis.

No ano seguinte, iniciei os estudos. Meu pai, autodidata, não escondia a alegria de me ver fazendo um curso superior, que pessoalmente, não tivera oportunidade de cursar.

Patos descortinou para mim uma vida com maiores e melhores oportunidades. Cidade maior, ritmo diferente de vida, novas amizades, também.

Meu primeiro colégio foi o Ginásio Presidente Kennedy, onde os saudosos, Mônica e Dercílio, que Deus os tenha, me admitiram, mal iniciara o curso de Letras. Confiaram-me, inicialmente, poucas turmas e, aos poucos, outras, podendo assim, financiar meus próprios estudos. Mais tarde, trabalhei, também, no colégio da Penha; fui contratada no CCAA, pela Dóris e obtive uma substituição do José Marques no Marista, por um ano.

No início, Laurinha, minha amiga, sobrinha do Professor Renê, conseguiu, através do Deputado Federal, Sinval Boaventura, meia bolsa, o que me propiciou melhor condição no primeiro ano.

Cidade de gente hospitaleira, amiga, onde jornais nos possibilitaram, igualmente a meu pai, Rajota, publicar nossos modestos trabalhos, entre eles, Boletim Informativo, Folha Diocesana e Correio de Patos.

Foi nesta cidade que prestei concurso no INSS, tendo trabalhado por mais de dois anos na agência local, na rua Tiradentes, 500.

Minha irmã mais velha se casou na Catedral de Santo Antônio, em 1978. Pouco depois, minha mãe descobriu, uma doença grave. A família se mudou, para Divinópolis, ficando mais perto de BH, onde foi submetida ao tratamento de quimioterapia.

Permaneci, ainda, por alguns anos em Patos, morando, inicialmente, na casa do sr. Adélio Gomes e D. Silvéria; depois, na do casal Sr. Antônio Canedo e de Dona Teresinha, encostada no campo do Mamoré. Pessoas essas que assumi como família e, igualmente, me assumiram.

Transferi-me para o então IAPAS, em Belo Horizonte, após o falecimento de minha mãe, para aproximar de meu pai, que, diante da gravidade do estado de saúde de mamãe, suspenso o tratamento, voltou ao ponto de partida, Bom Sucesso. Outro objetivo, cursar Jornalismo, com que sempre sonhara.

Em maio de 1989, experimentei a alegria de lançar meu segundo livro de poemas, Pássaro em Diagonal, no salão da Câmara Municipal, em plena Festa do Milho.

Em 2010, tive a honra de prefaciar o admirável livro, "rádio CLUBE SETENTA ANOS, e suas histórias", de autoria do notável escritor e radialista, Adamar Gomes, evento que me oportunizou rever amigos da Rádio Clube, e outros patenses, após longo distanciamento.

Resumindo, Patos de Minas representou um marco de extremada importância na sequência de minha vida, alternando alegrias, paixões, sofrimentos, realizações e despedidas, como é próprio acontecer na vida humana, neste mundo!

Esta cidade, seus belos jardins, suas amplas avenidas, seu povo acolhedor ainda me aportam no peito, pelas asas de um pássaro chamado Saudade, quando uma centelha de um eterno sentimento, chamado Gratidão, acende minha memória afetiva e, muitas vezes, dói!

Aos patenses de nascimento e aos conterrâneos de alma, meu fraternal abraço!

Dora Tavares Duarte