BLASFEMANDO E PROVOCANDO

Hoje me perdi em curvas, reentrâncias, encaixes...não, nada do que se pensou ai...nem as curvas da estrada de Santos, nem os encaixes e reentrâncias da arte de amar e dar...amor.

Pensei na perfeição da anatomia humana.

Olhei um esqueleto. Encaixes perfeitos, da caixa craniana, invólucro da nossa maior riqueza, nossa central de comandos, até os sensíveis tarso, metatarso e falanges, os ossinhos responsáveis por nos manterem de pé.

Claro, sem esquecer da anatomia perfeita e curiosa da coluna vertebral, uma sequência de ossos em fila indiana, perfeita, que nos permite desde o simples abaixar e levantar, até o delicioso gingado e molejo que encanta e seduz.

Os ossos do tórax mais parecem uma caixa de presentes. E que presentes eles guardam, coração, pulmões, vida dentro deles.

A pelve, uma grande borboleta, que, assim como o inseto,revela segredos incríveis. Uma rebolada certeira, e a pelve deixa malucos milhares de neurônios.

E o aparelho reprodutor? Que riqueza de detalhes.

O útero feminino é outra caixinha de presentes. Tem vida própria, ciclo natural, ovulação, fecundação ou não. Gravidez ou menstruação.

Mulher e homem se encaixam perfeitamente. Ela recebe, ele cede, o corpo acolhe, e, além do prazer ainda a vida. Perfeito demais.

Rins, pulmões, coração, fígado, estômago, intestinos...toda uma gama de órgãos (não públicos) em absoluta sintonia, cada qual cumprindo seu papel nessa grande e complexa máquina chamada corpo humano.

Mas, se é tudo tão perfeito, se tudo funciona tão certinho, onde foi que o engenheiro errou? Onde está o erro que não deixa que o homem seja perfeito por completo?

No coração, por certo. Repara.

É pequeno demais, não cabe tanta coisa ali. Além do envio e recebimento do sangue, e da distribuição por todo o corpo, tem também a participação ativa na manutenção pulmonar, é responsável pelos amores perdidos, pelos filhos esquecidos, pelas dores da vida, por chegadas e partidas, por alegrias e tristezas, e até pelas maldades e crueldades, mazelas de um órgão pequeno e frágil, do qual sempre se espera o máximo.

Ah! Deus não foi tão perfeito assim, que ele me perdoe a ousadia, e que me valha na minha hora.

Mas tinha que ser o coração gigante, tamanho da caixa que o acolhe, pelo menos, para que os sentimentos não se misturassem, para que o sangue corresse apenas pelas vias naturais, para que sua autonomia não subjugasse as ordens de cima, pois, dizem que o cérebro manda, mito de quem não conhece a empáfia do músculo cardíaco. O cérebro pensa que manda, e o coração finge que obedece. Mas os dois vivem em eterno conflito, e nem carece dizer quem é que vence sempre.

Longe de mim fazer aqui uma analogia sobre a perfeição ou não de Deus.

Eu falo do homem, que coincidentemente é sua cria.

E, que se é mesmo sua cópia perfeita, então nem aquele (o criador) nem este (a criatura) são perfeitos.

Talvez o problema esteja no sexo de Deus. É, no sexo.

ELE, Deus, é O SENHOR, O TODO PODEROSO, é homem portanto. Ninguém diz "minha deusa do céu", ou "Senhora toda poderosa". Usa-se sempre o masculino quando se fala dele.

Então, Deus é homem. Tá explicado!

Monica San
Enviado por Monica San em 12/11/2007
Código do texto: T733414
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