Na Minha Casa ou na Sua?
Depois de anos, encontraram-se naquela festa na casa da Déia. Pré-reveillon, todo mundo de branco. Ela continuava linda. Diferente da época em que namoravam, claro, mas para ele, ainda melhor.
Ela estava acompanhada de seu atual namorado. Ele, 6 anos depois, continuava solteiro. Não conseguia esquecer a ex-namorada. Numa ida à cozinha para servir-se de mais champagne (ela ainda sabia que era mais fácil ir direto à fonte), esbarrou nele, que tinha a ensinado esta prática.
- Oi.
- Oi.
- Quanto tempo…
- Pois é…
- Lá se vão seis anos…
- Tudo isso?
Ele conferiu a data em seu relógio. – Hoje é dia 10….seis anos, dois meses e sete dias.
- Nossa, você ainda lembra?
- Tenho memória de elefante…
- Pelo jeito não é só a memória…
- E você continua agressiva.
- Desculpa, foi uma brincadeira…
- O que você tá fazendo aqui?
- Vim pegar mais champagne.
- A festa está cheia de graçons.
- Aqui é mais fácil.
- É…fui eu quem te ensinou essa tática.
- De vez enquando você acertava…
- Namorado novo?
- É…estamos juntos há 3 meses.
- E… já rolou?
- Menos, né Sérgio Augusto!
- Desculpa, força do hábito…mais champagne?
- Pode colocar… e você, namorando?
- Hoje não.
- Huuum…continua galinha…
- Eu nunca fui galinha, Marina!
- Desculpa, força do hábito…
- Você tá diferente, mas continua linda!
- Obrigada…
- Mais champagne?
- Pode colocar mais um pouco.
- Tá ouvindo? É a nossa música…
- Nossa, desenterrarm…
- Quer dançar?
- Meu namorado está aqui, Sérgio Augusto…
- Aposto que ele não dança como eu!
- Ele não dança!
- Mais champagne?
- Só mais um pouco, já tô ficando bêbada…
- Você era mais forte antigamente…
- Não estou mais acostumada a beber…
- Ele não bebe?
- Não.
Depois de 5 segundos de um silêncio constrangedor, ela já estava virando as costas para sair da cozinha, quando:
- Lembra daquele reveillon na casa da Ritinha?
- Claro que lembro…
- E o feriado na praia, na casa do Alemão?
- Nunca esqueço…que praia…
- E aquele pôr-do-Sol?
- Foi lindo…
- Aquele beijo…
- Você nunca tinha me beijado daquele jeito…
- Mais champagne?
- Por favor.
- Vamos sair daqui…
- Meu namorado, Sérgio Augusto…
- Esquece ele.
- Pára, Sérgio Augusto.
- Pelos velhos tempos…
- Tá bom…na minha casa ou na sua?
Aquela resposta caiu como uma bomba para Sérgio Augusto e, num momento de lucidez, ele pensou que se ela podia trair o namorado daquela forma, também podertia tê-lo traído enquanto namoravam. Ele então virou as costas e foi embora para nunca mais voltar. Não sem antes derrubar o champagne na cabeça dela, e xingar aquela vaca com todos os palavrões que conhecia.