RETORNANDO A PORTO ALEGRE
 
Cheguei em 1970 tudo, abandonado, contas a pagar, academia abandonada, fui colocando as coisas em dia, reabri a academia, mas como eu tinha falado anteriormente, a idéia era de resolver as bagunças, fazer um ano de academia, e fechar definitivamente, juntar algum troco participar de aulas de inglês e cair no mundo. Só que as coisas não aconteceram com o planejado, comprei um fusca a prestações, arrumei namorada, coisa difícil de onde eu vinha.

Fundei uma academia no Colégio La Salle de Canoas, que naquela época possuía o nome de São José. Mais outra academia no clube no Colégio Santo Antonio de Porto Alegre, mais outra no colégio Bom Conselho. Formei equipes disputávamos campeonatos, fiz muitos amigos lecionando judô, principalmente para crianças, que queriam uma vida saudável, e disciplinada. Os pais aprovaram os ensinamentos e acreditavam na melhoria dos seus filhos, Eu mesmo tendo recebido carta de proposta para lutar fora do país, como iria deixar as crianças sem o judô, e cair no mundo, cada vez eu me dedicava mais ainda ao meu propósito, fazendo os meus cursos, progredindo, e viajando a gente fica muito a deriva do mundo e meio trancado. Iniciava as aulas dando exemplos de técnicas, pois sempre achava que as crianças, aprendem muito com imitações, até parecem macacos. Em cada aula eu tinha na lousa, onde colocava avisos sobre conselhos, que a gente discutia, e que incentivavam as crianças aos bons costumes e o respeito. Também tinha na área disciplinar, que os próprios ensinamentos do judô fazem parte. Era um elemento que eu criara, por tratar com a preocupação e responsabilidade com as crianças, assim como também tinha criado a idéia de estipular aulas por lições previamente estabelecidas. Coisas que só aprendi com o tempo de atuação, que tornava as minhas aulas diferenciadas. Só nos tornamos únicos, pelas diferenças. Acho que o mundo era o que eu criara por aqui, e o outro tipo de mundo que fique esperando, se for para acontecer. Era assim que eu entendia. Fiz um trabalho no Santo Antonio por uns 15 anos, e no Colégio Bom Conselho, por uns 10 anos, e no La Salle, que era a minha unidade primeira e principal, atuei lá, por 30 anos consecutivos. Em todas as unidades que lecionei, fiz a opção de demitir-me, para trabalhar com mais ênfase as atividades de escultura. Como professor de judô e Luta Olímpica, eu tinha um grande entusiasmo pela minha proposta, fazia todos os cursos alusivos as minhas atividades. Tenho uma coleção de quarenta certificados de cursos, clínicas e participações como técnicos e atleta, nas federações esportivas. Participei de cursos em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Goiânia, e de um mês no Comitê Olímpica do México, na cidade do México, este último patrocinado pelo Comitê Olímpico Brasileiro. Este currículo me fez conhecer melhor, e ministrar aulas com conhecimento técnico e maior responsabilidade, e minimizar a falta de uma escolaridade universitária. Nas equipes que montamos em nossa academia, conquistamos muitos títulos nos certames Metropolitanos, Estaduais, e Brasileiros, e ainda tivemos um atleta olímpico em Luta Olímpica, realizado na Coréia. Este foi o meu mundo, onde não era um trabalho, tive uma atividade ativa através do esporte, mas o importante foi que a vida com todos esses anos ministrando aulas, de Judô, foi o que me tornou, e o que tornou os meus discípulos. Hoje eu penso que é fazendo algo que nos torne importante para nós mesmos, e para a vida, é bem melhor, do que trabalhar “na Olivetti” para ganhar dinheiro. Fazemos um jantar na nossa casa com os ex. alunos de judô. Já alcançamos até o ano de 201l, dezesseis acontecimentos anuais. e até 2020 25.

 Isto é muito legal, pois eu vejo todos aqueles atletas, casados com filhos e de bem com a vida, e agradecidos pelo esporte escolhidos. SALVE O JUDÔ.
Scaramouche
Enviado por Scaramouche em 17/09/2021
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