_________As Abelhas

 
Na calçada, em frente de casa, ouvi o zumbido. Nem tive tempo de entender o que estava acontecendo. As abelhas pareciam centenas e baixavam ao mesmo tempo sobre mim. Na hora a gente pensa o quê? Nada, só pensa em ficar livre daquele monte de inseto enfurecido grudando no cabelo, distribuindo picadas a torto e a direito.

 Levei umas boas, e muitas, picadas. Corri e entrei em casa e elas foram atrás. Não foi nada fácil controlar o bando. No fim, me restaram pontos vermelhos e inchados, ainda com os ferrões que as danadinhas me deixaram de herança — quando picam, normalmente as abelhas morrem.  Só sei que doeu! Ah, e como doeu!

Não fui a única vítima das abelhas. Outras pessoas que transitavam pela rua também foram premiadas com o inusitado ataque no fim da tarde de ontem — uma delas teve que receber atendimento hospitalar. Não sei o que provocou a fúria dos bichinhos, nem de onde vinham ou para onde iam quando me acharam. Só sei que me senti como naqueles filmes do cinema como Aracnofobia, Tubarão, Piranha e Os Pássaros.

Soube que estes ataques estão acontecendo com certa frequência. Inclusive, fato semelhante se deu recentemente no centro de Belo Horizonte. Especialistas explicam que pode ter a ver com as queimadas ocorrentes em várias partes do País. Ameaçadas em seu habitat, fugindo da fumaça, as abelhas ficam desorientadas, migrando para as cidades. Como se vê, o homem acaba sendo vítima de suas próprias ações.

Não é nada bom ser atacada por um enxame de abelhas — dependendo da gravidade a pessoa pode até vir a óbito — mas confesso que fico com pena dos bichinhos, pois instintivamente só querem defender a si e à colmeia. Quietinhas no seu ambiente natural, as abelhas não representam perigo. E sabemos que estudos mostram que são espécies fadadas à extinção.

Picadas à parte, bom mesmo seria que homem e Natureza pudessem conviver em harmonia: o Planeta é grande e nele há lugar pra todos. Problemas surgem quando uma espécie não respeita a outra. E nesse caso, cabe ao homem o quinhão maior. Embora tenham picadas que amargam, as abelhas só querem viver para adoçar a vida. É só o que aprenderam a fazer.