Século XXI, isso é comum? Veto dos absorventes, caso Mariana Ferrer x Aranha

Eu ia escrever uma crônica sobre o veto do presidente ao fornecimento de absorvente a estudantes, presidiárias e pessoas em vulnerabilidade social e sobre minha revolta pelo caso de Mariana Ferrer não ter tido um resultado justo. Mas, sei lá. Absurdo em cima de absurdo. O que eu diria? Hoje, é só mais um dia que a sociedade retrocede, mais um passo atrás. Bom, vou escrever!

A sensação é de cansaço, indignação. É tão estranho, eles parecem que não sabem o que é compaixão. Nem querendo militar o feminismo aqui, entretanto uma mulher não faria isso(Só se fosse muito egoísta). É tão horrível, quando sem querer, você suja uma roupa com menstruação. Atualmente, as mulheres podem continuar suas vidas normalmente, no período menstrual, porque o absorvente foi comercializado por volta do fim de 1800. Aqui no Brasil, chegou por volta de 1930. Antes as mulheres usavam métodos diferentes que eram poucos seguros como toalhinhas reutilizáveis que lavavam com água que usavam para fazer outras coisas. Contudo como eu disse, eles foram comercializados a partir daquela data. Então, é necessário ter dinheiro para comprá-los. Estima-se que uma mulher gaste de 3 a 8 mil com absorventes por toda vida. Muitas mulheres não conseguem, como: moradoras de rua que não tem nem o que comer, Mulheres que trabalham por um salário de fome que mal dá para sustentar a família, Mulheres presidiárias que estão por conta do Estado (quando os familiares levam são impedidas de usar) e o pior meninas que perdem até uma semana de aula por isso. Sem dinheiro como vão comprar absorvente?

Que mundo é esse do Senhor presidente que isso não é um item básico? Cara, uma mulher usar miolo de pão pra conter a menstruação. Além de desumano, chega a ser uma burrice colossal! Porque essas mulheres podem contrair doenças, que custam mais para SUS. Pode até levar a morte delas. Um ciclo natural que é tratado como um tabu. Século XXI, isso é comum?

O caso da Mariana Ferrer, é aquele que disseram ser estupro "culposo"(meio louco esse termo). Disseram que como ele não sabia que ela não deu consentimento, ele não tinha intenção de estuprar ela. Parece que na lei não existe estupro culposo e que se não houver o dolo, isto é, a intenção de estuprar, não há crime de estupro. Mas, como assim gente?

Eu achei essa lei meio esquisita. Segundo Mariana, ela foi dopada, mas os exames não detectaram a droga(o que não significa que ela não tenha sido dopada, já que muitas drogas não são detectadas) e estuprada por um homem rico e influente, André de Camargo Aranha. Ela foi levada pelo UBER que disse que ela estava meio confusa. Depois, que ela percebeu o que tinha acontecido com ela, contou a mãe que a levou no médico. Fez os exames que detectaram sêmen e sangue de seu hímen. Ela foi a polícia e denunciou. O senhor Aranha negou que a conhecesse. Colheram o DNA dele no momento em que ele estava na delegacia em um copo, pois ele se negou a fazer o exame. Foi comprovado que o sêmen era dele. Disseram que no clube Café de La Music, houveram meninas que acharam que foram dopadas, inclusive viram o garçom fazendo isso.

O Senhor Aranha foi absolvido nas duas instâncias por falta de "prova". A moça além de ter sido estuprada virgem, ainda foi humilhada no tribunal pelo advogado do réu( tem uma lei de imunidade para isso) e o juiz não fez nada. Será que essas pessoas da lei acreditam realmente que uma moça virgem com 21 anos, fugindo a regra, iria seduzir um homem de 40 e poucos anos, que ela nem tinha contato e depois iria o denunciar para conseguir dinheiro? Num país onde esse tipo de crime quase sempre acaba na culpabilização da vítima! Além da moça, ter desenvolvido diversos problemas psicológicos. Se a virgindade fosse banal para ela, ela já não seria virgem. Ele se contradizeu, na verdade, mentiu em vários momentos.

Tem uma história bíblica de homem chamado Siquém que estuprou uma moça chamada Diná, para Siquém era normal pegar qualquer mulher que ele sentisse desejo e fazer sexo, era algo "normal" na cultura dele. Mas, Diná e sua família era de outra cultura. Ela era filha de Jacó, ela contou para a família e os irmãos dela mataram Siquém e outros homens do lugar. Por mais que o ato deles fosse errado. Deus protegeu eles e não deixou que nenhum povo os perseguissem. (Eu resumi a história é mais densa) Acho o estupro um ato horroroso, mas é compreensível a ira de quem sofre.

Século XIX, isso é comum? É assim que a lei lida com os crimes? É assim que as pessoas vulneráveis são tratada? Não seria obrigação do Estado defender e dar suporte a essas pessoas? É tudo mesmo, tão desigual e injunto? Eu desejo que vocês melhorem e recomendo que tenham o máximo de cuidado possível, porque esse mundo não está de brincadeira. Eu não acho isso comum.