Poema com imagem: para atrair leitura ou para embelezar a palavra?

Gosto de palavras e imagens, de poesia e de arte em geral, mas implico com poemas ilustrados. Acho a palavra solta, solteira, sem esse laço da imagem, sem o explícito, a sugestão visual, muito mais gostosa e muito mais importante, afinal, antes de tudo não era o verbo? Com o poder de sugerir a ação - e não o contrário, pelo que consta.

Aqui e em outros recantos vejo poemas ilustrados aos montes, e me parecem, na maioria, explícitos, redundante, naturalistas... Se o poema é pornô e se chama: "Eu dentro dela", a ilustração é o cara enfiando-se na mulher. Se o poema fala da "gata no cio", traz a ilustração de uma modelo americana com as pernas abertas, ou algo assim, explícito. Muitas vezes, me parece, que o texto foi escrito sobre a foto, fica sem alma, um mera discrição.

O poema-ilustrado-pornô-explícito, em certos casos, me parece puro oportunismo. O poeta quer ser o mais lido da semana e consegue, pois quase todo mundo é voyer, e vaia ver a postagem, pois sabe que a imagem é quente, o poema, nem sempre.

As imagens usadas, baixadas de sites americanos, trazem aqueles caras músculo-pintudos/ mulheres-deusas, ou seja, modelos de gente extraterrena. Esse tipo de arte é tipicamente burguesa-brega, aquela que transformou Jesus Cristo num galã; ou realista-socialista, essa que faz de Che-Guevara um Jesus Cristo de boina. Isso eu não considero arte, acho puro pastiche.

É claro que há exceções. Há poemas visuais que se complementam, se compõem, ou bons textos em imagens ruins e vice-versa. De qualquer forma fica a observação. Poema bom pra mim é o que traz a imagem implícita. Imagem explicita não acrescenta, redunda. Opinião minha, mas nada contra quem faz isso, ou quem gosta do conjunto.