Chuva finados

Chuva fina de finados.

Agora chovendo, aqui em Paris, céu chorão, aquela mansa que não é de pancada rápida, mas de pingos lentos e barulhos tenuos , sons de calmaria que se arrastam e se transformam-se em pequeninas correntezas das ruas e ladeiras da nossa "parisidinha" e desliza-se o dia todo.

O céu está sem passarinhos, e gaiolinhas verdinhas, cá estão paradinhas, penduradas nos fios, e troncos metálicos.

À espera de romeiro.

Lá de cima caem pingos lavando soleiras, mármores, túmulos e trazendo saudades.

Velas. E velo.

Lembrei-me de outras chuvas de dia branco dos brancos barquinhos de folhas papéis caderno com nomes, que lançamos do nosso cais juvenis, à própria sorte nas enxurradas, e hoje sabemos onde muitos chegaram, e não além da esquina, quiçá na praça, mas

outros foram tão longe... Aprenderam até voar, sorrir.

E alguns nunca mais votarão...

Nos resta.

Ficar com às insistentes saudades além das janelas e ver às chuvas, por vezes até sonhar a volta de um belo arco íris para findar essa crônica confusa, e

chorona feito eu...

Vai acender velas?

Vela. Vela. Vela .Vela

Eu fiquei sem ela...

Reinaldo Cabral
Enviado por Reinaldo Cabral em 01/11/2021
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