Bem que eu podia escrever à la Jane Austen (SPOILER: Razão e Sensibilidade)

Hoje, eu assisti ao filme "Razão e Sensibilidade", baseado na obra que Jane Auster escreveu em 1790, quando tinha 20 anos. O legal é que o final é sempre feliz. No filme, mostra as desilusões das personagens até chegarem ao amor. Sendo uma razão e a outra pura emoção. A irmã Marienne, mais nova, se apaixonou e foi correspondida, mas foi trocada pela chance que seu amado tinha em ter um casamento vantajoso. Ela chorou de soluçar, não conseguia acreditar. Aquele era o seu homem ideal, era educado, encantador, tinha gosto para música, declamava poesias com muita emoção! Fez um grande drama, andou na chuva e ficou olhando a casa dele de longe, chamando o nome dele: John Willoughby. Foi resgatada por um pretendente mais velho, Coronel Brandon, que ela havia rejeitado pelo outro, pois ele era o oposto de Jonh. Depois, ficou doente quase morreu. Foi se recuperando aos poucos. Soube de muitas canalhices cometidas por John. E aceitou o amor do homem mais velho, mas nobre de todas as formas.

A irmã mais velha, Elinor, tevê uma identificação única com o irmão da cunhada, Edward Ferrars, e todos viam que aquilo era amor, mas ainda não tinham dado nome. Até que logo, a cunhada fez com que ele se afastasse, pois a mãe não aceitaria alguém pobre. Porém, aquele amor ficou como uma promessa não dita. Ele disse que a visitaria. Demorou... Ela o esperou. Então, ela conheceu uma moça que a confidenciou ter um noivado secreto com esse mesmo homem há 5 anos, porque caso eles se casassem, ele perderia a herança. Ela não entendeu. Sentiu o baque. Não chorou. Ela foi à cidade de Londres com essa mesma moça a convite de um senhora amiga. Lá, quando ele soube de sua presença foi falar com ela. Porém, encontrou sua noiva secreta também. Elinor com toda educação o cumprimentou e não insistiu para que ficasse, sendo apenas distante. Ele só queria fugir. Ele não a havia enganado, entretanto tinha feito aquela promessa a muito tempo e tinha que honrar com ela.

Elinor sabia que ele não amava aquela moça, mas que aquela tinha sido uma promessa juvenil e que ele casaria com alguém que não amava pela palavra. A noiva secreta se revelou à família de Edward. E como prometido, foi deserdado. Ela entendia. O ajudou como amiga que era, comunicando que seu amigo, Coronel Brandon, cederia a ele, uma paróquia para que trabalhasse e tivesse onde morar com a futura esposa. Passou um tempo. Elinor recebeu a notícia de que o Sr. Ferrars tinha se casado. Ela apenas se levantou... Logo, Edward checou até a casa. Ela o parabenizou pelo casamento. Ele não entendeu. ( Solução deus ex machina) Simplesmente, o irmão também Ferrars havia se casado no lugar de Edward e ele poderia se casar com Elinor. Ela começou a chorar de forma assim, demasiadamente emocional. No fim como eu disse, tudo deu certo para elas. Entretanto, Willoughby tevê que conviver com o fato de ter aberto mão do seu grande amor por dinheiro.

Eu gostei dessa história, me ajuda a não me sentir tão idiota. Eu já fui Marienne e com o tempo venho me transformando em Elinor. A verdade é que sendo razão ou emoção não importa. Você sofre de qualquer forma. Esse envolvimento emocional que mesmo sem conjunção carnal é devastador. Alguém fazer você acreditar que está envolvido, envolver você em uma trama romântica é muita irresponsabilidade. Porque, dói demais quando as expectativas naturais são quebradas. O engraçado é que mesmo Elinor sabendo que ela queria ele, ela aceitou e deixou que ele fizesse o que quisesse. Não se declarou, não pediu que ele deixasse a outra. Até porque, ele sabia do interesse dela. Marienne, humilhou-se, foi atrás, mandou cartas, viu a outra com ele, descuidou de sua saúde. Foi péssimo, mas com o tempo ela realmente se apaixonou por Brandon. Um amor diferente daquele amor "burro" que não enxergava nenhum defeito.

Eu lembro quando eu fui Marienne, minhas pernas tremiam. Minha voz sumia. Sentia-me pouco inteligente. Mas, fingia ser a mais inteligentes e interessantes das mulheres. E, me envolvi sem querer. Eu tinha ciúmes. Quando eu achei que não o veria mais. Declarei-me como as palavras me permitiram. Eu realmente senti que ele sentia o mesmo, mas eu sabia que a probabilidade de ficarmos juntos eram muito pequenas, já que estávamos em lugares diferentes na vida. Eu não pedi para ele abandonar sua namorada, nem propus ser sua amante. Não faria nada moralmente errado. Entretanto, a resposta dele com muitas palavras foi um quem sabe um dia... Que foi uma coisa que acabou comigo, porque não era afirmativo, não era positivo. Eu vivi essa desilusão. Eu chorava em todos os lugares. Eu me lembro de um fatídico dia em que me vi sentada numa praça linda chorando comendo biscoito troféu e bebendo guaraná (kkk). Antes, eu tinha falado com uma secretária no polo onde eu frequentava, ela informou uma coisa boba e eu comecei a chorar e fui comprar meu refrigerante e meu troféu e segui chorando para praça. Eu era bem jovem.

A partir disso, eu passei a ser Elinor, um pouco mais distante. Voltei a me apaixonar depois de um tempo. Mas, não daquela forma. Eu acho que foi bom. É bom você ser razão. Isso protege você de muito sofrimento. Eu realmente acho que mesmo na minha fase Marienne, tinha uma Elenor me segurando. Acho que um bom exemplo Elinor, foi quando eu percebi o surgimento de um sentimento parecido e em uma situação parecida. Então, eu quis ser clara. Olha, eu estou vendo que você está se aproximado de forma diferente e não quero passar por uma situação estranha que eu já vivi no passado. De qualquer forma, tinha um pouco de emoção. Deu uma merda estratosférica. Mesmo assim, eu consegui me controlar. Eu não chorei. Só, fiquei com muita raiva, porque ele me colocou em uma situação delicada e mentiu muito. E, tive a confirmação de que eu tinha feito a escolha certa.

O não é complicado. Eu costumo dizer muitos nãos. Eu acho que por isso já sofri muito assédio. Porque, muita gente não entende o não. Às vezes, entendem como um talvez que insistindo vai. Outros entendem como uma ofensa, com se elas não fossem boas suficientes. E não é isso. Eu vejo mais como responsabilidade afetiva. Quando dito no começo. Pois, não devemos encorajar sentimentos que não temos intenção de retribuir. Acho que é melhor dosar a Marienne e a Elinor dentro de mim. Ou melhor serei Elinor, enquanto eu não tiver confiaça para ser Marienne.

Jane Auster, realmente, escreveu algo que é universal. Apesar de que nesse mundo líquido, quem nem se sabe direito o que é amor. A união de carências acelera todos esses processos de paixão desilusão, paixão... De um em um. É um pouco complicado alguém encontrar um amor duradouro. Vamos aguardar.